Título: 'Torço para debate eleitoral incluir política fiscal'
Autor: Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/08/2008, Economia, p. B4
Para Marcos Lisboa, melhora das contas públicas é prioridade para o crescimento do País
Célia Froufe
O conselheiro do Ibmec e diretor-executivo do Unibanco, Marcos Lisboa, se disse otimista em relação à melhora das contas públicas nas três esferas do governo e torce para que o tema ganhe espaço no debate das eleições de 2010 para a Presidência da República e para os governos dos Estados.
¿A política fiscal é prioridade porque, se não resolvermos isso, o crescimento do País seguirá baixo¿, afirmou a jornalistas após participar do seminário internacional ¿Brazil¿s Growth Diagnosis¿ (Diagnóstico do Crescimento Brasileiro), promovido pelo Ibmec São Paulo.
Lisboa citou o professor do Ibmec Marcelo Moura, também presente ao evento, que acredita na popularização do tema na campanha. De acordo com o professor, se a inflação já foi destaque na imprensa durante anos, agora tem sido a vez da questão fiscal, com ênfase em carga tributária e superávit primário. ¿Eu torço para que o assunto chegue ao debate em 2010. Todos já sabem o que é carga tributária¿, disse Lisboa.
De acordo com ele, havia uma divisão muito clara entre os economistas brasileiros há 20 anos a respeito não só do esforço fiscal, mas da necessidade de aumentar a poupança doméstica do País.
Ainda segundo Lisboa, esse quadro mudou e hoje, até mesmo os profissionais ¿de esquerda¿ defendem a teoria. ¿Desde que (o ex-ministro da Fazenda e deputado federal Antônio) Palocci falou pela primeira vez de ajuste fiscal, o tema vem sendo considerado cada vez mais como algo relevante.¿
REVOLUÇÃO NA GESTÃO
O economista disse lembrar que em 2003 o Brasil fez uma economia de gasto maior do que a indicada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o governo acabou sendo criticado por esta decisão.
¿Hoje as coisas já são diferentes¿, comparou o economista. Lisboa citou o trabalho de alguns governadores como exemplo nessa questão. Entre eles estão Aécio Neves (PSDB-MG), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Paulo Hartung (PMDB-ES).
¿Esses governadores estão fazendo uma revolução na gestão das contas públicas¿, avaliou. ¿Mas somos mais lentos do que foram a Espanha e a Irlanda? Sim, temos de saber que somos mais lentos, mas, de qualquer forma, estamos no caminho certo¿, elogiou.
Para ele, o governo deveria aprender com o setor privado, que, quando necessita, corta gastos para se tornar mais forte. ¿O setor público não tem esse olhar das empresas de cortar as despesas em 10% aqui ou ali¿, comparou.
Questionado sobre se o corte de gastos é mais difícil na esfera federal, o economista, que já foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no governo de Fernando Henrique Cardoso e no primeiro mandato de Lula, disse não ter elementos para responder.
¿Não sei se é mais difícil. O que eu sei é que essa ficha está caindo.¿