Título: Taxa de desemprego sobe para 8,1%
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/08/2008, Economia, p. B7
No entanto, índice de julho foi o menor para o mês desde que o IBGE começou a fazer a pesquisa, em 2002
Jacqueline Farid, RIO
Após expressiva melhora no primeiro semestre, a taxa de desemprego subiu para 8,1% nas seis principais regiões metropolitanas do País em julho - em junho, estava em 7,8%. Apesar da elevação, a taxa de julho é a menor para o mês desde o início da série da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2002. Renda e formalidade cresceram.
O nível do desemprego em julho veio acima do esperado pelos analistas de mercado que, segundo projeções da Agência Estado, não esperavam taxa superior a 7,9%. Apesar da surpresa, o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo, disse que ainda é cedo para avaliar se houve influência da alta dos juros ou da inflação sobre os resultados. Para ele, houve ¿estabilidade¿ na taxa de desemprego e continuidade da evolução da qualidade do mercado de trabalho.
Claudia Oshiro, da Tendências Consultoria, também avalia que os dados ainda são favoráveis. ¿Embora não tenha ocorrido uma melhora entre a passagem dos meses, a taxa de desemprego segue cedendo na comparação com o ano passado, refletindo o ritmo de crescimento ainda forte da atividade econômica¿, disse.
Azeredo esclarece que, segundo a metodologia do IBGE, não houve variação estatisticamente significativa na taxa, que ficou ¿estável¿ em julho ante junho. Segundo ele, ¿pode ter havido uma melhora tão forte no mercado de trabalho no primeiro semestre que agora as contratações estão mais tímidas¿.
A economista da Rosenberg & Associados Thaís Zara considera os dados positivos e acredita que, apesar da alta na taxa de desemprego, o mercado de trabalho continua refletindo o bom momento vivido nos demais indicadores de atividade econômica. Para ela, o aumento na ocupação e o grau de formalização da ocupação sinalizam que a melhora é qualitativa, além de quantitativa.
Em julho, em relação ao mês anterior, a taxa subiu por causa do aumento no número de desocupados (3,4%, ou mais 62 mil pessoas em busca de emprego nas seis regiões pesquisadas) e a queda nos ocupados (-0,3%, ou menos 55 mil vagas de um mês para o outro).
A taxa de desemprego deste ano, porém, foi inferior à apurada em julho do ano passado (9,5%) por causa da forte queda na desocupação (-12,3%) e do aumento de 4% no número de ocupados, com geração de 836 mil vagas no período. Em julho, o número de ocupados nas seis regiões somava 21,7 milhões, enquanto os desocupados eram 1,9 milhão.
Para Azeredo, um exemplo significativo da continuidade do processo de aumento de qualidade do emprego é que, do total de vagas geradas em julho comparativamente a igual mês de 2007, a maior parte (ou 687 mil postos) é com carteira assinada.
O gerente da pesquisa observou que, somando os empregados com carteira assinada e os funcionários públicos, o porcentual de trabalhadores formais no total da população ocupada em julho de 2008 era de 54,3%, a maior fatia para o mês de julho da série histórica iniciada em 2002. Entre janeiro e julho de 2007, a média da participação do emprego formal no total de ocupados era de 52,7%, subindo para 54,5% na média de igual período de 2008.
RENDA
O rendimento médio real dos trabalhadores nas seis regiões investigadas pelo IBGE chegou a R$ 1.224,40 em julho. Azeredo explicou que desaceleração na alta da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em julho evitou uma nova queda na renda média real dos trabalhadores ante o mês anterior, após dois meses de recuo nessa base de comparação.
O rendimento médio da pesquisa é deflacionado pelo INPC das seis regiões pesquisadas, que em julho foi de 0,53%, ante 0,96% em junho.
Segundo Azeredo, os dados de rendimento médio real dos trabalhadores em julho comprovam que ¿a renda em 2008 está em nível mais elevado do que no ano passado, mas o rendimento de 2002 ainda não foi recuperado¿. De acordo com a pesquisa do IBGE, a renda média de julho deste ano é 6,2% inferior à apurada em igual mês de 2002, quando era de R$ 1.305,70.
COLABOROU FRANCISCO CARLOS DE ASSIS