Título: Pela 1ª vez, PF entra armada no plenário
Autor: Gallucci, Mariângela; Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/08/2008, Nacional, p. A4

Para o julgamento de ontem, envolvendo arrozeiros gaúchos que dominam a agricultura de Roraima e as comunidades indígenas, o Supremo Tribunal Federal (STF) teve de montar um forte esquema de segurança. Os dois lados fizeram questão de assistir à defesa dos seus interesses e o plenário viveu uma cena inusitada, com índios sem camisa e agricultores de chapéus de couro e bombacha.

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Foi a primeira vez que policiais federais ocuparam, ostensivamente armados, o plenário para fazer a segurança do Supremo. Pelo menos dez agentes se posicionaram em locais estratégicos, a maioria em pé, para evitar qualquer possível reação de índios ou arrozeiros.

Apesar do reforço, o julgamento transcorreu sem problemas. No plenário, 20 índios e 20 arrozeiros permaneceram em silêncio para acompanhar a sessão. Não reagiam nem sequer aos argumentos mais acalorados dos advogados das partes.

Cerca de cem manifestantes - 300, na avaliação dos organizadores do ato - concentraram-se na frente do STF para acompanhar o julgamento. Entre eles, havia representantes das etnias macuxi, wapichana, tauperang e ingaricó. A maior parte, porém, era de militantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), da Vila Campesina, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e outras organizações que apóiam os índios.

Um forte esquema de segurança do lado de fora, integrado por mais de 200 homens das Polícias Federal e Militar de Brasília, fez um cordão de isolamento do prédio e confinou os manifestantes sob o monumento a Juscelino Kubitschek, uma rara sombra sob o escaldante sol da Praça dos Três Poderes. Os esperados tumultos não ocorreram e a manifestação foi totalmente pacífica, restringindo-se a danças típicas e palavras de ordem.