Título: Rússia quer apoio da China em disputa com Ocidente
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Fonte: O Estado de São Paulo, 28/08/2008, Internacional, p. A12

O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, começou uma cruzada diplomática para obter apoio da China e das ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central para suas operações militares na Geórgia e para o reconhecimento da Abkázia e da Ossétia do Sul. Medvedev viajou ontem para Dushanbe, capital do Tajiquistão, para participar de uma cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), espécie de aliança militar liderada por Rússia e China.

Para Moscou, o cenário ideal seria obter apoio da China. Medvedev e o presidente chinês, Hu Jintao, se encontraram ontem e se reúnem novamente hoje. De acordo com analistas, porém, dificilmente Pequim dará respaldo ao Kremlin. ¿Isso seria um problema para a China, que tem seus próprios movimentos separatistas, como Tibete e Taiwan¿, disse Alexei Mukhin, diretor do Centro de Informação Política, de Moscou.

Os demais países da SCO - Usbequistão, Casaquistão, Tajiquistão e Quirguistão - também estão reticentes em conceder apoio explícito a Medvedev, apesar da grande influência russa na Ásia Central. Especialistas esperam que essas ex-repúblicas soviéticas, ricas em gás e petróleo, reconheçam as razões da Rússia, mostrando lealdade a Moscou, mas sem ir muito além disso.

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, acusou ontem a Rússia de querer ¿varrer seu país do mapa¿ e prometeu lutar pela recuperação da Abkázia e da Ossétia do Sul.

Ele afirmou que não irá à reunião da União Européia, que discutirá a crise no Cáucaso, na semana que vem, em Bruxelas, por temor de que os russos não o deixem voltar ao país.

¿Se eu sair da Geórgia, a Rússia fechará nosso espaço aéreo e eu não volto mais para casa¿, disse.