Título: PIB dos EUA surpreende e cresce 3,3%
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/08/2008, Economia, p. B1
Agências Internacionais, Washington
Impulsionada sobretudo pelas exportações, mas também pelos gastos dos consumidores, a economia dos Estados Unidos surpreendeu ao crescer 3,3% no segundo trimestre deste ano, em termos anualizados, informou ontem o Departamento do Comércio do país. Esse taxa ficou acima da estimativa do governo, de 1,9%. Também superou a expectativa dos economistas, que previam aceleração de 2,7%.
No primeiro trimestre de 2008, o Produto Interno Bruto ( PIB) - soma de todas as riquezas produzidas por um país - cresceu à taxa anualizada de 0,9%. No último trimestre de 2007, no pico da crise de hipotecas de alto risco, o PIB recuou 0,2%.
A expansão americana recebeu contribuição decisiva das exportações, que cresceram à taxa anualizada de 13,2%. A estimativa anterior do governo era de crescimento de 9,2%. As importações caíram 7,6%. Portanto, o comércio externo contribuiu com 3,1 pontos porcentuais para a expansão do PIB.
Outro destaque foram os gastos do consumidor, que receberam grande incentivo do governo, após as ameaças de recessão no país. O aumento foi de 1,7%, também acima das estimativas e do índice apresentado no primeiro trimestre deste ano, de 0,9%. O consumo, que responde por 70% da atividade econômica, contribuiu com 1,24 ponto porcentual para o crescimento do PIB.
Os analistas consideram que as exportações e os gastos do consumidor, que evitaram que o país entrasse em recessão, poderão moderar a demanda interna no segundo semestre.Uma das razões é que as injeções governamentais de dinheiro na economia já terão perdido o efeito. A outra razão é a redução do ritmo do crescimento econômico mundial, aliada ao fortalecimento do dólar.
Outro dado positivo foi a liquidação dos estoques das empresas menor que o esperado, num sinal de que estão menos pessimistas do que aparentavam. O estoques tiveram redução de US$ 49,4 bilhões, subtraindo 1,44 ponto porcentual do crescimento do PIB. O Departamento de Comércio havia estimado a queda em US$ 62,2 bilhões, o que reduziria a expansão em 1,92 ponto porcentual.
Do lado dos investimentos das empresas, o aumento foi de 2,2%, pouco menor que o previamente calculado, de 2,3%. No primeiro trimestre, os investimentos cresceram 2,4%. Já o lucro das empresas aumentou 1% no segundo trimestre, em relação ao primeiro, para US$ 1,361 trilhão. Na comparação anual, declinou 5,9% no período.
O fundamento negativo da economia americana continua vindo do setor imobiliário. A construção de moradias encolheu 15,7%, taxa ligeiramente acima da estimada pelo governo, de 15,6%.
Após a divulgação dos dados do PIB, as taxas de juros no mercado de futuros baixaram por causa da probabilidade de o Federal Reserve (Fed) elevar as taxas oficiais no próximo ano.