Título: Programas são criados à imagem do eleitor
Autor: Rodrigues, Alexandre ; Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2008, Nacional, p. A10

A convergência das agendas dos candidatos, nas sabatinas do Grupo Estado, com muitas coincidências de propostas entre os adversários, tem explicação, para o cientista político César Romero Jacob, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É a chamada ¿americanização da política¿, processo pelo qual os concorrentes, em vez de ganhar o eleitorado para seus programas, ajustam suas proposições de acordo com a vontade dos eleitores, retratada nas pesquisas de opinião.

Isso explicaria a preocupação de todos com saúde, bilhete único, habitação e segurança. ¿Em cidades como Rio e São Paulo, a tendência é os candidatos ficarem nas opiniões médias. Todos propõem o bem.¿

Jacob diz que há nuances nos discursos - por exemplo, Eduardo Paes (PMDB) fala em parceria com o governo federal, Alessandro Molon (PT) ressalta ser do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Solange Amaral (DEM) defende o prefeito Cesar Maia.

Mas o discurso varia de acordo com a escolaridade e a renda do eleitorado de cada região. Na zona sul ficam os formadores de opinião. Nas zonas norte e oeste, com eleitores mais pobres, ¿vale mais o peso das máquinas - da prefeitura, das milícias, do tráfico, das religiões¿, explica. ¿A capacidade da mídia de influenciar é menor. O voto é mais homogêneo.¿

Para vencer a eleição na cidade, diz Jacob, o candidato deve ter um bom discurso para chegar aos formadores de opinião; apoio de máquinas eleitorais nas áreas menos favorecidas; um bom tempo para a propaganda eletrônica obrigatória; e dinheiro para gastar num programa de televisão de boa qualidade. ¿Mas, em termos de políticas, todo mundo vai defender o mesmo¿, disse.