Título: 140 policiais estão de prontidão desde abril
Autor: Arruda, Roldão
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2008, Nacional, p. A14

Desde o final de abril a Força Nacional de Segurança mantém 140 homens em Roraima, todos de prontidão para reprimir eventuais conflitos entre indígenas e produtores rurais. Metade do contingente fica na capital, Boa Vista, e a outra metade em Pacaraima, município acanhadíssimo, com cerca de 7 mil habitantes, localizado no alto de uma serra, ao lado da linha divisória entre Venezuela e Brasil. Seu prefeito é o arrozeiro Paulo César Quartiero - candidato à reeleição com uma ampla coalização de partidos, que vai do DEM, ao qual é filiado, ao PV.

Inicialmente, o grupo alojou-se numa área indígena, bem estruturada, com uma grande e moderna oca, ao lado da Reserva Raposa Serra do Sol. Dias depois, porém, achou-se melhor mudar para a cidade. Não ficava bem para uma força de pacificação viver na casa de um dos lados envolvidos no conflito.

A mudança exigiu o aluguel de hotel inteiro em Pacaraima. Os homens estão sob o comando do capitão Elvis Murilo, jovem oficial convocado no Amapá, há quase 4 meses, para essa missão. Ele já esteve no Rio, em operações destinadas a conter a violência nos morros. Ao falar sobre as diferenças entre as duas missões, ele diz que nenhuma é fácil. No Rio havia a certeza de conflitos o tempo todo; na Raposa Serra do Sol nunca se sabe quando ele vai explodir, o que cria uma permanente tensão.

Os homens da força estão subordinados à Polícia Federal - instituição vinculada ao Ministério da Justiça e responsável por toda a operação, iniciada no fim de abril, com o objetivo de retirar os arrozeiros da terra indígena e evitar conflitos.

Até agora, a direção da PF mantém em sigilo os custos da operação, que não tem prazo definido para acabar, e também não informa ao certo quantos homens mantém na região. Acredita-se que são cerca de 100. Parte deles hospeda-se no Hotel Aipana, o melhor de Boa Vista.

Eles circulam pela região em camionetas pretas Mitsubishi, modelo L200. Na quarta-feira, dia do julgamento no Supremo Tribunal Federal, também utilizaram um helicóptero, que sobrevoou as áreas onde poderiam ocorrer conflitos.