Título: Guia do 'tour Katrina' revive pesadelo com Gustav
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2008, Internacional, p. A12

Barbara Robichaux deixa New Orleans com esperança de não ter de organizar nova excursão temática

Patrícia Campos Mello, ST. PAUL, EUA

Barbara Robichaux não consegue acreditar que vai viver o mesmo pesadelo de novo. ¿Eu só quero sair correndo daqui, estou muito nervosa¿, disse ela, por telefone, de sua casa em New Orleans. Cumprindo ordens de retirada, Barbara estava acabando de colocar mantimentos e roupas em seu carro antes de deixar a cidade com destino ao Estado da Geórgia, onde tem parentes.

Há um ano e meio, a reportagem do Estado entrevistou Barbara na Louisiana. Depois de ter sua casa parcialmente destruída pelo furacão Katrina, em 2005, Barbara passou a promover um tour sobre a tormenta.

¿Aqui à direita, vocês podem ver o Superdome, onde milhares de pessoas se abrigaram. Um pouco mais para frente, neste hotel que ainda tem as janelas quebradas, vários velhinhos ficaram presos dias nos andares mais altos, porque não tinha luz e eles não conseguiam descer¿, dizia Barbara pelo microfone, no ônibus lotado de turistas americanos e estrangeiros de várias partes do mundo.

O tour passava pelas barragens que foram rompidas pelo furacão, bairros arrasados e pelo Lago Pontchartrain, enquanto a guia explicava a cronologia do desastre. O tour ¿Furacão Katrina: a maior catástrofe dos EUA¿, tornou-se o grande sucesso da Gray Line Tours no ano passado. Barbara pensa com tristeza na possibilidade de fazer um tour sobre o Gustav: ¿Rezo para que não seja muito grave.¿

A guia se prepara para uma viagem caótica até a Geórgia. Em 2005, no Katrina, ela levou 24 horas para dirigir até lá - o trajeto normalmente leva 8 horas. ¿O governo está bem mais preparado desta vez, não há caos na cidade como no Katrina¿, afirmou Barbara.