Título: Delegado da Operação Satiagraha teve gasto secreto de R$ 64 mil
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2008, Nacional, p. A6

O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha, recebeu neste ano R$ 64 mil em despesas sigilosas. O escrivão da PF que trabalhou com ele na operação, Amadeu Ranieri Bellomusto, gastou outros R$ 96 mil. Os recursos foram disponibilizados entre fevereiro e abril, durante as investigações, encerradas em julho. Os dados constam de levantamento do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).

Na última terça-feira, o ministro da Justiça, Tarso Genro, reconheceu a possibilidade de que o monitoramento ilegal de conversas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, pode ter ocorrido no rastro da Satiagraha, que teve o banqueiro Daniel Dantas como principal alvo. Ele foi preso duas vezes.

Durante a Satiagraha, ações de ¿colaboração¿ entre a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a PF foram desenvolvidas. Segundo a Abin, elas teriam se resumido à troca de dados e à identificação do principal local de trabalho de um dos auxiliares de Dantas. No entanto, a partir das denúncias de que agentes da Abin teriam monitorado as conversas do presidente do STF, surgiram dúvidas sobre a real extensão da colaboração. Tarso, no entanto, defende a PF. Segundo o governo, a Abin teria ingressado na investigação à revelia do diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa.

O delegado Elzio Vicente Silva que, em 2004, na Operação Chacal, apreendeu documentos que municiaram as investigações contra Dantas, recebeu R$ 32 mil em 2008 para financiar atividades sigilosas. Gastos com investigações da PF têm tratamento confidencial. Assim, no Siafi não há detalhamento sobre o destino do dinheiro. A liberação é identificada apenas como destinada a ¿atender despesas em regime de execução especial, com caráter sigiloso¿. A prestação de contas deve ser feita pelo funcionário 30 dias após a aplicação da verba, mas não é divulgada. Os gastos da Abin também são sigilosos.