Título: Agência é campeã de gastos com cartão
Autor: Rosa, Vera; Monteiro, Tania
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/09/2008, Nacional, p. A4

Cerca de 13,5% do gasto do governo nessa modalidade foi feito pela Abin

Marcelo de Moraes

Suspeita de ter participação nas escutas ilegais feitas nos telefones do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é campeã de gastos secretos e saques em dinheiro com cartão corporativo. Segundo dados atualizados ontem pelo Portal da Transparência, a Abin sozinha pagou em 2008 cerca de 13,5% de todas as despesas do cartão.

Este ano, até o fim de julho, a agência já tinha usado seus cartões num total de R$ 3.695.702,77, gasto superior ao da Secretaria da Presidência da República - R$ 3.052.800,58. Parte de sua prestação de contas, aliás, foi considerada irregular pelo Tribunal de Contas da União (TCU), há duas semanas. A Abin foi censurada por usar dinheiro vivo, sacado com cartões, para pagar 99,9% das despesas. Entre os problemas detectados estava a ¿aquisição irregular de material permanente e pagamentos e gratificações a informantes e colaboradores eventuais¿.

Nos últimos anos, as despesas feitas pela Abin com cartões só têm aumentado. Em 2002, foram de R$ 1,7 milhão. No ano seguinte, R$ 1,9 milhão. Em 2004, R$ 2,2 milhões. Em 2005, chegaram a R$ 5,2 milhões e, no ano seguinte, a R$ 5,5 milhões. A despesa mais que dobrou em 2007, alcançando cerca de R$ 11,5 milhões. A agência justificou esse salto com as atividades especiais por causa da organização dos Jogos Pan-Americanos do Rio.