Título: Mercosul opõe Serra e Amorim
Autor: Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2008, Economia, p. B9

Chanceler rebateu comentário do governador de São Paulo sobre influência negativa do bloco para o País

Adriana Chiarini

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, contestou ontem as críticas do governador de São Paulo, José Serra, de que o Mercosul prejudica a posição do Brasil em negociações internacionais. ¿Isso é um contra-senso¿, protestou o ministro, durante o Fórum Especial, promovido ontem no BNDES, do qual Serra também participou. Mas, com horários diferentes de palestra, os dois não se encontraram.

O chanceler entende que ¿fortalecendo o Mercosul estamos fortalecendo nossa presença internacional¿. Amorim voltou a defender a necessidade de um acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC) para resolver a questão principal para o comércio exterior de produtos agrícolas brasileiros, que considera ser a dos subsídios à agricultura nos Estados Unidos e na Europa. ¿O Brasil nunca se recusou a assinar acordos bilaterais¿, disse Amorim.

Mas esse tipo de acordo não se estende à questão dos subsídios. ¿Para os subsídios agrícolas é necessário o acordo de Doha.¿ Segundo o chanceler, antes da Assembléia Geral das Nações Unidas, nos dias 22 e 23, ¿deverá haver contatos¿ referentes à negociação para tentar concluir a Rodada Doha.

Anteontem, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que o governo brasileiro pretendia aproveitar a presença de vários líderes mundiais na reunião da ONU para buscar a retomada das negociações e tentar um ¿acordo de princípios¿.

Amorim disse, sobre a Assembléia Geral da ONU, que ¿negociar ali não é o melhor ambiente¿. Ele mostrou ter esperança de que a negociação seja concluída em breve, mas repetiu que, se isso não for possível agora, levará, no mínimo, de dois a três anos para se chegar a um acordo. ¿Doha está em aberto. Tem uma brecha. É nossa obrigação lutar por ela.¿