Título: Avião sai da pista e pára no muro de Congonhas
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2008, Metrópole, p. C1
Bimotor tentou abortar decolagem; tripulantes tiveram ferimentos leves
BRUNO TAVARES, DIEGO ZANCHETTA e RENATO MACHADO
Pouco mais de um ano após a tragédia com o Airbus A320 da TAM, o Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, voltou ontem a ser palco de um acidente aéreo. Durante o procedimento de decolagem, um bimotor com três pessoas a bordo varou os 1.940 metros da pista principal. O muro do aeroporto impediu que a aeronave modelo King Air C-90, da fabricante americana Raytheon Aircraft, caísse sobre a Avenida Washington Luís. Os tripulantes - um piloto, um co-piloto e um passageiro - não tiveram ferimentos graves.
O acidente ocorreu às 14h36, na cabeceira que margeia a Washington Luís e a Avenida dos Bandeirantes. Segundo fontes da Aeronáutica, o piloto decidiu abortar a decolagem ao perceber uma pane no motor esquerdo. Ao tentar frear o turboélice, teria perdido o controle da aeronave e só conseguiu parar depois de bater no muro do aeroporto. Pousos e decolagens foram imediatamente suspensos - tanto na pista principal quanto na auxiliar - para o trabalho das equipes de resgate. Às 16h16, o Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo (SRPV-SP), órgão militar encarregado do controle do tráfego aéreo, autorizou a retomada das operações.
Os três tripulantes do avião foram levados por ambulâncias da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) para o Hospital Municipal Artur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara, também na zona sul. Estavam no bimotor o piloto Hadi Sani Yones, de 41 anos, o co-piloto Maurício Nunes Dias, de 33, e o passageiro Ronaldo Mendes da Silva, de 38. Yones e Silva passaram por exames e receberam alta ainda durante a tarde. Já Dias, que teve um corte na cabeça, foi transferido no início da noite para o Hospital Vera Cruz, em Campinas, no interior do Estado.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que tanto a habilitação dos pilotos quanto as licenças da aeronave estavam em dia. Para evitar mais transtornos, técnicos da Infraero optaram por rebocar o avião depois das 23 horas, quando o aeroporto é fechado. A investigação do caso já está sendo conduzida por militares do 4º Centro Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Ceripa 4).
PROPRIEDADE
O avião acidentado tinha como destino São José dos Campos, a 91 quilômetros da capital. Segundo a Assessoria de Imprensa da Anac, o bimotor está registrado em nome da Ultrafarma Saúde S.A. Em nota, porém, a rede de farmácias e drogarias informou que, em 28 de agosto, a aeronave foi negociada com a Líder Táxi Aéreo, ¿se encontrando, desde essa data, sob sua responsabilidade¿. Também em nota, a Líder afirmou que o avião, prefixo PT-PAC, ¿não pertence à frota da empresa, que não tem nenhuma responsabilidade sobre o evento e nenhum de seus funcionários estava a bordo¿.