Título: Suspeita recai sobre grupo da Satiagraha
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/09/2008, Nacional, p. A4

Demóstenes fala em `relação promíscua¿ no setor de inteligência

Eugênia Lopes, BRASÍLIA

A Polícia Federal trabalha com a hipótese de as escutas telefônicas clandestinas que captaram conversas entre autoridades terem sido feitas por agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da própria PF que atuaram na Operação Satiagraha, disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O senador - que teve conversa com o presidente do STF, Gilmar Mendes, gravada ilegalmente - depôs ontem pela manhã à PF por mais de duas horas.

¿O foco principal é de o grampo ter sido feito por algum espião desviado de suas funções na Abin e por agentes utilizados indevidamente¿, disse Demóstenes. Segundo ele, a PF acha mais provável que o celular de Mendes estivesse grampeado. ¿É mais fácil fazer escuta em um celular do que em um aparelho fixo¿, disse.

O presidente do STF também acredita nisso. Em conversa com parlamentares, ontem, Mendes disse que a ligação foi feita do celular que utiliza para o gabinete de Demóstenes, quando estava em trânsito em seu carro oficial. Em sua opinião, o monitoramento clandestino foi feito sobre esse aparelho.

Se essa avaliação estiver correta, a escuta poderia ser do tipo móvel, possivelmente feita a partir de algum veículo adaptado para a função. Nesse caso, poderia estar seguindo o carro do ministro ou até ter estacionado perto do local por onde ele passava.

Segundo Demóstenes, a Polícia do Senado e peritos da PF fizeram uma varredura em seu gabinete e não acharam nada. A Polícia do Senado também averiguou a central telefônica da Casa e não foram encontrados grampos. A PF também iria investigar a central que dispõe do aparelho OSC-5000, que faz varreduras para detectar grampos. COLABOROU MARCELO DE MORAES