Título: Lula aprova plano com reajuste para Forças Armadas
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2008, Nacional, p. A14

Reunião vai tratar de projeto que foi elaborado por Jobim e Mangabeira

Tânia Monteiro, BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu convocar o Conselho de Defesa Nacional para apresentar o Plano Estratégico Nacional de Defesa, elaborado no último ano, sob a responsabilidade dos ministros da Defesa, Nelson Jobim, e do secretário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, que prevê aumentos no orçamento das três Forças de 1,5% para 2,5% do PIB. O plano foi aprovado ontem por Lula. É a primeira vez que o presidente convoca o conselho, integrado também pelos presidentes da Câmara e do Senado. Lula pretende abrir discussão pública sobre a necessidade de fazer uma mudança radical da política de defesa no País, com reequipamento das Forças Armadas e fortalecimento da indústria bélica.

Na reunião, que poderá ser convocada até o fim deste mês, será apresentado todo o teor do projeto, que tem mais de cem páginas e está distribuído em três principais vertentes: reconfiguração, reorientação e reposicionamento das Forças. Também está prevista a reconstrução da indústria de defesa, tanto em seu componente privado quanto no estatal, e a recomposição das Forças Armadas, passando pela idéia de tornar o serviço militar realmente obrigatório e criando o serviço social obrigatório, que poderia passar a ser exigido não só de homens, como de mulheres. O presidente considerou o plano ¿muito bom¿.

O plano seria anunciado no dia 7 de setembro, mas foi adiado para que não coincidisse com a visita da presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Mangabeira, que já chamou o governo Lula de o ¿mais corrupto da história¿, disse ontem ao Estado que a reforma nas Forças Armadas está sendo proposta com base no trinômio monitoramento, mobilidade e presença, começando sempre não por armamento e reequipamento, mas por questões estratégicas.

Segundo ele, um pelotão de fronteira só estará verdadeiramente protegido se estiver interligado com sistema de monitoramento.

DIRETRIZES

O plano conterá uma parte ostensiva, que é mais genérica, com grandes diretrizes estratégicas, com propostas voltadas para cada uma das Forças e a reestruturação delas. Terá, também, anexos sigilosos onde estarão explicitadas hipóteses de emprego do Exército, da Marinha e da Aeronáutica - até mesmo com hipóteses de guerra.

Estão previstos grande investimento e a reconstrução da indústria bélica. No caso da indústria de defesa privada, a idéia é recuperá-la e protegê-la de pressões de curto prazo, dos riscos de contingenciamento e da descontinuidade de compras públicas, fundamentais para sua sobrevivência.