Título: Vai fazer alguma entrega?
Autor: Bramatti, Daniel ; Scarance, Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2008, Nacional, p. A8

Ela chegou de moto, tênis preto de faixas brancas e jaqueta jeans - e a primeira pergunta que ouviu foi: ¿Vai fazer alguma entrega no prédio?¿ Sem perder o embalo e o humor, disse ao porteiro que veio participar da sabatina do Estadão. Ao seu estilo, marcado pelo sorriso no rosto, enfrentou por duas horas o questionário sobre suas metas para São Paulo. Falou da relação tênue com os colegas do Legislativo municipal, mas ressaltou que sua decepção não é com todos os vereadores da Casa. ¿Não sou eu contra 54, a Joana D¿Arc sozinha.¿

Quando abordada sobre quem vai apoiar no segundo turno, saiu-se assim: ¿Puxa vida, é tão cruel essa pergunta. Deve ser boa, porque todo dia me fazem essa pergunta umas três vezes¿. Disse que não fez ¿mídia training¿. ¿Sou totalmente destreinada.¿ Instada a falar sobre sua proposta para a saúde, revelou preocupação com carências da metrópole. Tropeçou em uma reflexão e desculpou-se: ¿Meu Deus, não tomei minha fluoxetina hoje¿.

Acha que a administração usa mal o que tem na rede pública e defendeu o sistema de médico da família nos bairros. ¿A pessoa é atendida na AMA, mas vai ter que procurar um neurologista. Tá bom. Vai achar no Google, provavelmente, ou nas páginas amarelas, uma caça ao tesouro.¿ A maconha, que garantiu não usar ¿faz muito tempo¿, ainda a torna alvo de desconfianças. Ela ouve: ¿Soninha? Qual? Ah, aquela que tem aquele probleminha¿. E arrematou: ¿Sou contra o uso indevido do que quer que seja¿.