Título: Ritmo é o mais forte em duas décadas, diz BNDES
Autor: Tereza, Irany
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/09/2008, Economia, p. B4
Somente no segmento de material de transportes, aprovações de crédito pelo banco avançaram 48% nos 12 meses encerrados em agosto
Irany Tereza
As estatísticas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre financiamentos para a produção de máquinas e equipamentos industriais confirmam que os investimentos no País vêm sendo impulsionados para um nível sem precedentes nas últimas duas décadas. Somente para a fabricação de material de transporte - especialmente caminhão, principal indicador do ritmo da atividade industrial - houve aumento de 48% nas aprovações de crédito nos 12 meses encerrados em agosto, ante mesmo período anterior.
¿Para nós não foi surpresa esse investimento detectado pelo PIB. Tínhamos indicação disso com alguma antecedência¿, disse o superintendente de Operações Indiretas do BNDES, Claudio Bernardo. Ele lembrou que, contrariando previsões de técnicos do banco, nem a retomada do ciclo de alta na taxa básica de juros (Selic) reduziu a demanda por financiamentos para a produção de bens de capital. ¿A gente achava que isso poderia ocorrer, mas até o momento não aconteceu.¿
Para o superintendente, o forte aquecimento da demanda interna, estimulado pelo aumento do consumo das famílias, apurado pelo IBGE no cálculo do PIB, explica o fenômeno. ¿As indústrias mantêm os investimentos no aumento da capacidade produtiva para atender a esse mercado¿, comentou Bernardo. Além disso, no último movimento de alta, a Selic já estava em nível muito elevado. ¿ Nesse sentido, qualquer delta de diferença tinha um impacto relevante¿, comentou.
Agora, ao contrário, o aumento da Selic não foi ainda suficiente para arrefecer o consumo e a manutenção da Taxa de Juros de Longo Prazo(TJLP), usada pelo BNDES, em 6,25% ao ano também ajudou a manter o ânimo do empresariado para investir. A demanda pelo crédito específico do banco para a produção de bens de capital (Finame) é a que mais tem crescido.
Além do segmento de transporte (caminhão, ônibus e vagões ferroviários), que teve aprovados pedidos de financiamento no total de R$ 14,8 bilhões nos 12 meses encerrados em agosto (ante R$ 10 bilhões de setembro de 2006 a agosto de 2007), o setor de ¿não transporte¿ também teve aumento forte: 25%, na mesma base de comparação (de R$ 6,4 bilhões para R$ 8 bilhões).
¿Nosso gráfico de aprovações mostra uma inclinação constante para cima¿, diz Bernardo. Ele chama a atenção também para o crescimento vigoroso das Regiões Norte e Nordeste em desembolsos para a fabricação de equipamentos industriais. Em termos absolutos, as duas regiões ainda continuam distantes do Sudeste. Mas, até por trabalharem com uma base reprimida, em termos relativos estão entre os líderes das aprovações da Finame: 55% para a região Norte; 46% para o Nordeste, ante 27% para o Sudeste.