Título: Opportunity estuda venda de banco
Autor: Ciarelli, Mônica
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/2008, Nacional, p. A13

Segundo controladores do grupo, a ação da Polícia Federal prejudicou a imagem da instituição

Mônica Ciarelli

Novamente alvo de investigações financeiras, os controladores do grupo Opportunity estudam se desfazer do banco e ficar apenas com as gestoras de recursos. Para a instituição, a ação da Polícia Federal na Operação Satiagraha prejudicou a imagem do banco, que tem como sócio-fundador Daniel Dantas, principal alvo da investigação que apura gestão fraudulenta, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Na quarta-feira, como conseqüência da Satiagraha, a 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 545 milhões de sócios e diretores do banco e também das gestoras de recursos. Na operação, deflagrada em 8 de julho, foram presos Dantas e mais 17 pessoas, acusadas de crimes financeiros. Todas foram libertadas por ordem judicial. Um dos maiores críticos da ação - tanto pelo uso de algemas como pelas prisões - foi o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que soltou Dantas.

¿Diante da agressão injustificada e monstruosa sofrida pelo Banco Opportunity S.A., toda a estrutura está sendo repensada. Mas, no momento, os planos não podem ser adiantados¿, informou a direção do Opportunity, por meio de sua assessoria de imprensa.

Na prática, o fim do banco muda pouco o cotidiano do grupo. Hoje, a instituição funciona apenas para dar suporte administrativo às atividades das gestoras. Mas, como a administração dos fundos de investimento do grupo será transferida totalmente para o BNY Mellon Serviços Financeiros, não haverá mais necessidade de esse trabalho ser feito pelo banco.

Desde o anúncio da transferência, em 1º de agosto, seis dos cerca de 35 fundos geridos pelo Opportunity estão sob a administração do BNY, que detém no Brasil a liderança no serviço de administração de recursos de gestores independentes.

SAQUES

Para evitar nova onda de saques aos seus fundos de investimento, o grupo divulgou na quinta-feira um comunicado esclarecendo que o bloqueio não atingiu recursos de clientes. Mesmo assim, a sangria nos fundos de investimento do Opportunity continua.

Desde que a investigação policial foi deflagrada - com a movimentação de 300 agentes - a fuga nos fundos de investimento geridos pelo grupo já representou a perda de R$ 3,6 bilhões do patrimônio do grupo, de acordo com o site Fortuna, especializado em informações financeiras, que usa como base dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Associação Nacional de Bancos de Investimentos (Anbid).

Já o Opportunity contesta esse número e alega que a perda real é de cerca de R$ 2 bilhões. A diferença, segundo explica o Opportunity, acontece porque o site contabiliza os fundos exclusivos, que aplicam na carteira do próprio grupo.