Título: Homofobia domina debate com evangélicos
Autor: Bramatti, Daniel
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2008, Nacional, p. A8

Marta e pastores da Igreja Batista divergiram sobre projeto que protege homossexuais

Clarissa Oliveira

A candidata do PT à prefeitura paulistana, Marta Suplicy, bateu de frente ontem com pastores da Igreja Batista ao sair em defesa dos direitos dos homossexuais. Conhecida por ter proposto o projeto da parceria civil entre pessoas do mesmo sexo quando era deputada, Marta reagiu duramente às críticas de pastores ao projeto de lei complementar nº 122, de 2006, que tramita no Congresso e aborda a punição da homofobia.

Questionada sobre o assunto em reunião no Colégio Batista Brasileiro, Marta subiu o tom ao responder às afirmações de que o projeto representaria uma ¿mordaça¿ contra os que se opõem ao homossexualismo. ¿Sou a favor do respeito à dignidade das pessoas¿, disse a petista, que admitiu desconhecer o conteúdo da proposta, mas sem esconder o incômodo com o discurso dos pastores.

¿Se for para xingar homossexual, desacatar e dizer que está doente, sou contra, sempre. Sou contra. Com toda a minha formação de psicanalista e minha formação na área de sexualidade, não posso ser a favor. Está respondido¿, prosseguiu.

Repetindo sucessivamente que fazia questão de deixar clara sua posição, Marta admitiu ter uma opinião ¿provavelmente divergente¿ da manifestada pela Igreja Batista. Mas insistiu que sua postura demonstra apenas coerência com sua trajetória. O pastor Eli Fernandes, da Igreja Batista da Liberdade, encarregou-se de explicar a posição de alguns membros da platéia. ¿Nós batistas entendemos que temos de conviver na diversidade. Sabemos respeitar o homossexual, a lésbica, seja quem for ¿, disse. ¿Não permitimos é que sejamos amordaçados.¿

Em meio ao clima de constrangimento que tomou conta do encontro, alguns pastores tentavam mudar de assunto, mas o tema era retomado a cada fala. Questionada sobre o ensino da religião nas escolas, Marta saiu em defesa do ensino laico. Em seguida, voltou a defender o respeito à diversidade. ¿O ser humano cresce mais, é mais bonito e chega mais próximo de Deus se respeita mais o diferente.¿

Na saída, tanto Marta quanto o diretor-geral do colégio, Gezio Duarte Machado, buscaram amenizar a discussão. ¿Ela tem uma postura clara¿, disse Machado. ¿Não acho que ela perdeu votos. Até ganhou.¿