Título: Câmera estrábica
Autor: Bramatti, Daniel
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2008, Nacional, p. A8

Há um ditado popular que garante que intimidade é... Não é legal. E os políticos deveriam levar a sério. Como votar em alguém que se autodenomina ¿Tatu¿? Pior ainda, como encontrar um candidato chamado ¿P.S.¿? Há ainda o Zelão, o Japonês, o Baton, o Formiga... Bom, pelo menos o marqueteiro do Zumba, do PSDB, não ousou fazer rima. Já o Cotonete - sim, esse é nome dele - promete acabar com o sofrimento de muitas famílias. Adeus a um dos mais graves problemas da cidade: a cera no ouvido. O.k.

Maior que o número de apelidos no horário político, só o de gravatas vermelhas nos homens e de terninho branco a la Hebe entre as mulheres. Mas o troféu cópia da loira, ou melhor, do penteado dela, fica para Ocimar, o cabeleireiro, que promete lutar pela classe. Mais objetivo que a colega Adelina Avella, que fará de tudo para ¿acabar com os fantasmas¿. As crianças vão gostar.

A briga por votos parte para o terreno ecumênico. Pastor Eustáquio disputa com Jesus e Jeová. Acho melhor ele desistir. Nada de Lacraia, nem de Sérgio Mallandro - sim, o rei do Glu Glu é candidato - muito menos de filho do Enéas made in 25 de março. Mas quem precisa disso com a superprodução de alguns, com direito a reflexo de um estranho nos óculos dos candidatos, câmera estrábica, em que o político olha para um lado que não é o eleitor e teleprompter tartaruga, ideal para o quadro Soletrando, de Luciano Huck? Sem esquecer, claro, do criativo e rico jingle da turma do 27 : ¿Vitória, vitória, vitória!¿. E só. Otimista, né?