Título: Estratégia da agressividade me parece equivocada
Autor: Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/09/2008, Nacional, p. A4

Ex-líder tucano na Câmara defende ¿cabeça fria¿, porque em 6 de outubro PSDB e DEM terão de conversar sobre 2.º turno

Carlos Marchi

Os tucanos que participam da gestão Gilberto Kassab na prefeitura ¿têm o dever de defender a administração¿, afirma o deputado Arnaldo Madeira, ex-líder do PSDB na Câmara e ex-chefe do Gabinete Civil do governo Geraldo Alckmin. Ele diz que sempre ouviu de Alckmin que a agressividade é um mau instrumento de campanhas eleitorais, ¿porque o eleitor não gosta de campanha agressiva¿. Para ele, os estrategistas da campanha Alckmin querem fazê-lo chegar ao segundo turno a qualquer custo.

Como resolver o impasse entre duas candidaturas que representam uma mesma aliança e se dizem legítimas?

A primeira atitude é reconhecer que se trata de um problema difícil. Nós elegemos o prefeito com um vice do Democratas. O PSDB participa da gestão. O prefeito Kassab procurou cumprir o nosso programa. Os tucanos que participaram da gestão tem, eu diria, o dever de defender a administração. Por outro lado, há uma linha no partido, que prevaleceu, que trouxe a idéia da candidatura própria. A melhor coisa para evitar o agravamento das tensões é fazer campanha sem ataques mútuos.

Mas Alckmin continua atacando Kassab, apesar do apelo feito pelo governador José Serra.

Aparentemente, os que coordenam a campanha do ex-governador colocam como principal objetivo ultrapassar Kassab, na disputa pelo segundo turno. Isso gera, do outro lado, algum tipo de resposta.

Mas Alckmin não corre o risco de queimar as pontes?

Nós estamos agravando as tensões e botando fogo na ponte. É óbvio que o acerto no segundo turno fica mais difícil. Seria imprescindível que as duas posições tivessem cabeça fria, porque em 6 de outubro estaremos negociando o segundo turno.

O que explica a agressividade de Alckmin?

A agressividade - e Geraldo falou isso a vida toda - claramente é um mau instrumento, porque o eleitor não gosta de campanha agressiva. Não sei o resultado dessa estratégia, mas em princípio ela me parece equivocada.

Haverá punições?

Pedidos de punição não fazem parte da nossa história. Sempre fomos um partido com muita tolerância para divergências internas. Atuar assim significa querer agravar as divergências. Na nossa história há muitos casos em que diferentes líderes tomaram posições diversas da orientação do partido e nunca ninguém foi expulso por isso.