Título: Petróleo sobe 15% e derruba bolsas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/09/2008, Economia, p. B3

Além da alta das cotações, incertezas sobre o plano de Bush fazem investidor se retrair; Dow Jones perde 3,3%

As incertezas sobre o plano do governo dos Estados Unidos para evitar um colapso do sistema financeiro e a disparada da cotação do petróleo fizeram o mercado acionário nova-iorquino devolver ontem os expressivos ganhos obtidos na sexta-feira. O Índice Dow Jones perdeu 3,27% (alta de 3,35% na sexta) e a bolsa eletrônica Nasdaq recuou 4,17% (ganho de 3,40% no fim da semana passada).

Das 30 ações componentes do Dow Jones, 28 fecharam em queda (as exceções foram Alcoa, com alta de 0,04%, e Microsoft, com ganho de 0,95%, depois de a empresa anunciar um programa de recompra de ações). Em seu dia de estréia como integrante do Dow Jones, no lugar da seguradora AIG, os papéis da Kraft Foods recuaram 5,38%. Os do setor financeiro estavam entre os que mais caíram: JP Morgan Chase, 13,28%, Bank of America, 8,88%, American Express, 7,70%, e Citigroup, 3,10%.

¿Muitos na comunidade internacional tinham a esperança de que o pacote fosse aprovado pelos dois partidos durante o fim de semana. Por isso, a reação foi de otimismo cauteloso¿, comentou T.J. Marta, estrategista de renda fixa da RBC Capital Markets.

Os futuros de petróleo tiveram a maior alta em um dia na história da Bolsa Mercantil de Nova York, impulsionados pelo plano do governo dos EUA, pela queda do dólar ante o euro e pelo encerramento das negociações do contrato para outubro - a partir de hoje, o mais líquido é o de novembro. O barril avançou 15,6%, para US$ 120,92.

¿O principal condutor (para a alta) foi que o sentimento mudou em resposta ao plano financeiro (dos EUA)¿, disse Gene McGillian, analista da Tradition Energy. ¿(O pacote) está ajudando a lidar com questões relacionadas ao estado da economia¿, acrescentou.

A disparada da commodity assustou os investidores. Segundo John Schloegel, vice-presidente da Capital Cities Asset Management, o movimento dos preços desses produtos foi ¿um olho gordo¿ em cima dos mercados ontem. O temor é que uma alta dos combustíveis nos EUA alimente a inflação, o que seria especialmente danoso no momento em que a economia pode entrar em recessão.

Também preocupa o caráter de emergência do pacote do governo Bush, que não ataca as causas mais estruturais da crise nem garante desempenho econômico melhor no futuro. ¿O plano estanca o sangramento e estabiliza o sistema financeiro¿, disse o analista de futuros Frank Lesh. ¿Mas faz só isso, apenas estabiliza as coisas. Ainda enfrentamos uma economia em dificuldades.¿