Título: Verba extra nasceu como saída contra aumentos
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2008, Nacional, p. A4

A verba indenizatória nasceu de um arranjo político. Em 2001, o então presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), enfrentava a pressão dos deputados que queriam aumento salarial, mas evitava tomar decisões que, diante do público externo, pudessem se transformar em desgaste político. No ano seguinte, Aécio disputaria o seu primeiro mandato como governador de Minas Gerais e estava preocupado com o eleitor e a repercussão que o aumento salarial dos parlamentares poderia causar.

A saída para atender à demanda interna e causar menos impacto na opinião pública foi criar um recurso que facilitaria a vida dos deputados, mas, ao mesmo tempo, não poderia ser chamado de aumento salarial de forma direta. Proporcionar meios que garantissem maior qualificação dos mandatos era uma forma de garantir um discurso de defesa contra eventuais críticas. O Senado acompanhou. Em 2004, o valor inicial de R$ 7.000 foi reajustado para os atuais R$ 15.000.

Contrário à criação da verba indenizatória, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) defende a extinção desse recurso. ¿A verba indenizatória acaba sendo considerada um complemento do salário. É uma coisa mal resolvida, que precisa ser explicada a cada hora, e o que precisa ser explicado a todo momento está mal formulado¿, argumenta Miro. ¿O problema é que tem deputado subordinando suas contas a dúvidas permanentemente e isso não é bom. O mandato não pode ficar sob desconfiança¿, completou.

Deputados reconhecem que o candidato que já é parlamentar e tem a estrutura do Legislativo à disposição entra em uma campanha em condição bem mais favorável do que quem não tem mandato . Durante toda a legislatura, deputado e senador podem dispor de elementos para sustentar, em tese, uma campanha permanente pelo mandato seguinte. Eles argumentam, no entanto, que também enfrentaram condições desiguais quando disputaram o primeiro mandato.