Título: Juiz nega ter mandado grampear Mendes
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2008, Nacional, p. A10

¿É constrangedor¿, disse o juiz Fausto Martin De Sanctis ontem, às 10 horas, ao chegar ao prédio do Tribunal Regional Federal (TRF) em São Paulo para depor no inquérito policial 964/08, que investiga suposto grampo contra o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Durante três horas e dez minutos, foi ouvido pelo delegado Willian Marcel Murad, da Polícia Federal. Uma procuradora acompanhou a audiência, a pedido de Sanctis.

O juiz negou ter ordenado ou mesmo concordado com a interceptação de ¿pessoas com prerrogativa de foro¿. Também negou ter comentado com a desembargadora Suzana Camargo, do TRF, que Gilmar Mendes estivesse sob monitoramento - versão contrária à de Suzana, que disse ter ouvido dele que Mendes era alvo de vigilância.

Suzana telefonou para o juiz em 10 de julho, dois dias depois que a Operação Satiagraha foi desencadeada. Sanctis acabara de decretar pela segunda vez a prisão do banqueiro Daniel Dantas. A medida do juiz contrariou Mendes, que havia despachado habeas corpus em favor do controlador do Opportunity. Suzana indagou do juiz se de fato ele havia ordenado novamente a custódia de Dantas. Ele confirmou. ¿Você é mesmo corajoso¿, teria dito a desembargadora. Sanctis foi ouvido pela PF como testemunha, mas se sente pressionado. Ele foi intimado em apuração da Corregedoria do TRF a partir de representação do presidente do STF e tem 5 dias para ¿prestar informações¿ sobre a Satiagraha.