Título: Brasil surpreende entre os emergentes
Autor: Tosta, Wilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/09/2008, Vida &, p. A28

País tem bons índices em esperança de vida ao nascer e alfabetização

Wilson Tosta

Uma comparação de índices dos chamados Brics - conjunto das principais economias emergentes, formado por Brasil, Rússia, Índia, China - mais África do Sul -, feita na Síntese de Indicadores Sociais 2007 do IBGE, mostra que os brasileiros têm, em alguns pontos, condições de vida próximas dos demais países do grupo. Embora não ocupe a liderança em todos os parâmetros examinados - foram feitas projeções de 2005 a 2010, com base em dados da Organização das Nações Unidas -, o País mostra desempenho surpreendente em itens como esperança de vida ao nascer e alfabetização. Segundo avaliações de estudiosos da economia mundial, os Brics terão, em 2050, os maiores PIBs do mundo, superando América do Norte, Japão, Inglaterra, Alemanha, França e Itália, e terão 40% da população mundial.

Mesmo na educação, indicador no qual o Brasil em geral não se sai bem, a comparação com outros Brics não é totalmente desfavorável. A taxa de analfabetismo total do País, de 10,5%, é menor que a da Índia (34,9%) e África do Sul (12,4%). O maior contraste ocorre no cotejo, entre Brasil e Índia, das taxas de analfabetismo feminino. A pesquisa mostra que 10,4% das brasileiras não sabem ler nem escrever, contra 46,6% das indianas. Entre os homens, 10,5% são analfabetos no Brasil. Na Índia, a taxa de analfabetismo masculino é 23,1%. A comparação com russos e chineses, porém, é desfavorável aos brasileiros. Na Rússia, os índices de analfabetismo são 0,6% (total), 0,4% (homens) e 0,7% (mulheres). A China tem índices melhores que o Brasil no geral (7,1%) e entre homens (3,6%), mas ligeiramente pior entre mulheres: 10,5%.

Com 72,4 anos, o Brasil apresentou esperança de vida ao nascer maior que a Rússia (65,5), a Índia (64,7) e bem acima da África do Sul (49,3), além de muito próxima da chinesa (73 anos).

As mulheres brasileiras são as que apresentam melhor desempenho nesse item: ao nascer, sua esperança de vida é de 76,1 anos, contra 72,6 das russas, 66,4 das indianas, 74,8 das chinesas e 49,7 das sul-africanas. Os brasileiros, com 68,8 anos, ficam atrás dos chineses (71,3), mas, ainda assim, têm desempenho melhor que os homens da Índia (63,2), Rússia (59) e África do Sul (48,8).

Na mortalidade infantil, o Brasil, com 23,6 mortos por mil nascidos vivos (trata-se de uma projeção, não exatamente igual aos números oficiais de 2007), fica atrás da Rússia, com 16,6, e da China, com 23, mas à frente de Índia (55) e da África do Sul (44,8). Com 6,3, o Brasil teve melhor desempenho que todos os demais na taxa bruta de mortalidade (divisão do número de mortes pela população, representando a freqüência em que ocorrem na sociedade). A Rússia teve 16,2; Índia, 8,2; China, 7,1; e África do Sul, 17.

O País também apresentou índice de envelhecimento (razão entre o número de pessoas com 15 e com 60 anos) de 0,3, um pouco maior que a da Índia e da África do Sul (0,2), mas menor que a da China (0,5) e da Rússia (1,1).

SAÚDE Desde 97, expectativa de vida subiu 3,4 anos

A esperança média de vida de um brasileiro ao nascer era de 72,7 anos em 2007, segundo o IBGE. Em 1997, essa média ficava em 69,3 anos. As mulheres estão em uma situação mais favorável do que os homens - 76,5 e 69 anos, respectivamente.

GRAVIDEZ Número de mães adolescentes é alto

A proporção de adolescentes de 15 a 17 anos com filhos em 2007 continua alto, 6,3%, mesmo patamar de 1997. A Região Norte continua com a maior proporção, 9,4%, seguida do Centro-Oeste, com 7,7%, e Nordeste, 7,5%.

TRABALHO INFANTIL Há mais crianças nas ruas e áreas públicas

Aumentou a proporção de crianças que trabalham em vias públicas: de 5% em 1997 para 5,7% em 2007. Mas fazendas, sítios e granjas ainda são os que mais usam trabalho infantil: 36,5% das crianças que trabalham