Título: Lula crê em freio contra especulação
Autor: Monteiro, Tânia; Fernandes, Nalu
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/09/2008, Economia, p. B5

Satisfeito com a repercussão de seu discurso na ONU, presidente avalia que debate multilateral é "inexorável"

Tânia Monteiro e Nalu Fernandes

Diante das manifestações dos chefes de Estado, das reações aos discursos na Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) e de uma reportagem do jornal The New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou ontem que a discussão sobre a crise financeira vai se transformar, de maneira ¿inexorável¿, em um ¿debate multilateral¿, e criar regras para controlar a especulação desenfreada.

Na edição de ontem, o diário nova-iorquino lembrou que os líderes que discursaram na ONU destacaram o fato de que ¿o tremor (financeiro) nos Estados Unidos ameaçava a economia global¿. Depois da constatação, o jornal destaca uma frase do presidente Lula, dita no discurso de abertura da Assembléia Geral: ¿O ônus da cobiça desenfreada não pode cair impunemente sobre todos.¿

Ao sair de um almoço com os integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o presidente comentou a citação no The New York Times: ¿Eu acho que todo mundo queria falar o que eu falei. Eu só tive a sorte de falar primeiro.¿

Em entrevista coletiva concedida no hotel Waldorf Astoria, um dos mais famosos de Nova York, Lula lembrou que participaria ontem à noite de mais uma discussão sobre a crise financeira internacional, durante reunião promovida pelo primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e dirigentes de Espanha, Inglaterra, Austrália e França, além de autoridades do Fundo Monetário Internacional (FMI).

¿Penso que será inexorável que a discussão da crise financeira tome maior fôlego daqui para a frente. Não é justo que as pessoas pobres, que não ganharam dinheiro com a especulação, sejam vítimas da especulação feita por banqueiros em algumas partes do mundo¿, afirmou.

CASSINO

Lula destacou a importância do crescimento econômico e acrescentou: ¿Eu acho que todos os órgãos multilaterais precisam encontrar uma proteção para que os países pobres, que passaram 20 anos sem crescer e agora estão crescendo, não sejam vítimas de uma ciranda financeira, ou de um cassino que inventaram aqui nos EUA.¿