Título: Brasil é o 14º receptor global de investimentos
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/09/2008, Economia, p. B10

País fechou 2007 com o total de US$ 328 bilhões, ante US$ 37 bilhões em 1990; entre os emergentes, fica na quarta posição, segundo a ONU

Jamil Chade

Diante da corrida por recursos naturais, o Brasil ganha espaço entre os principais destinos de investimentos e, em menos de duas décadas, o estoque de capital estrangeiro se multiplicou por dez. Dados das Nações Unidas (ONU) mostram que o País fechou 2007 com um estoque de investimentos de mais de US$ 328 bilhões. Em 1990, era de US$ 37 bilhões.

Hoje, o Brasil é o 14º maior receptor mundial de investimentos e o quatro entre os países emergentes. Em 2006, era o oitavo. A China continua na primeira posição entre os emergentes, com mais de US$ 80 bilhões em 2007. É o sexto em termos globais.

Empresários perguntados pela ONU também indicam que o Brasil é o quinto destino preferido de seus investimentos entre 2008 e 2010. Em uma pesquisa no Japão, as multinacionais indicaram que o Brasil seria o sétimo país mais atrativo.

No geral, os investimentos no País aumentaram em 84% entre 2006 e 2007, uma das maiores taxas do mundo. O interesse pelo Brasil, segundo a ONU, deve ser entendido no contexto da busca por recursos naturais, principalmente diante da demanda na Ásia. Só na mineração o Brasil viu os investimentos se multiplicar por cinco em 2007, atingindo US$ 3,3 bilhões.

Segundo o relatório da ONU, novos recordes de investimentos poderiam ocorrer em 2008. Mas a crise já afeta todas as previsões. No total, os mercados emergentes receberam US$ 500 bilhões em investimentos em 2007 e foram responsáveis por investir outros US$ 253 bilhões pelo mundo. A marca é considerada um recorde.

Em termos de investimentos brasileiros no exterior, houve uma queda brusca em 2007, passando de US$ 28 bilhões em 2006 para US$ 7 bilhões no ano passado. Com isso, os investimentos latino-americanos no exterior caíram 17%. No total, a região exportou US$ 56 bilhões em investimentos. No exterior, o estoque de investimentos brasileiros é de US$ 129 bilhões, três vezes maior que em 1990.

Apesar da queda latino-americana, os investimentos dos países emergentes atingiu um volume recorde em 2007 e as multinacionais dos mercados em desenvolvimento começam a ganhar espaço.

O Brasil ainda não tem nenhuma empresa entre as cem maiores do mundo. A Petrobrás é a 11ª maior entre os emergentes e a Vale, a 12ª. A Gerdau é a 39ª. A GE continua a maior empresa do mundo, seguida pela British Petroleum e a Toyota.

FUNDOS SOBERANOS

Outro destaque é o surgimento de fundos soberanos fazendo investimentos. As reservas desses fundos já atingem US$ 5 trilhões e começam a ser usados para aquisições, principalmente pelos governos do Golfo Pérsico. Em 1987, houve apenas uma aquisição no mundo com dinheiro desses fundos. Em 2007, foram 30. Hoje, esses fundos já investiram quase US$ 40 bilhões.

Por enquanto, a América Latina não tem sido um alvo desses fundos. Na África, porém, alguns fundos já começam a atuar na agricultura.

Alguns desses fundos atuaram em grandes bancos. No Morgan Stanley, o CIC colocou US$ 5 bilhões. Um fundo de Abu Dhab ainda colocou outros US$ 7,5 bilhões no Citigroup (Citibank). A ONU admite que esses fundos vem criando um sentimento negativo, mas alerta que o volume de investimentos é pequeno.