Título: Ex-pastor americano vai ser indenizado
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2008, Nacional, p. A17
Até um ex-pastor metodista norte-americano, que foi seqüestrado, preso e torturado pela ditadura militar antes de ser expulso do Brasil por decreto do presidente Ernesto Geisel, foi beneficiado ontem em julgamento da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. A Caravana da Anistia passou o dia reunida na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para apreciar 13 processos de anistia política com indenização a religiosos e militantes ligados à Igreja que sofreram perseguição e tortura durante o regime militar.
Um dos primeiros a ter seu requerimento julgado foi Frederick Birten Morris, o pastor Fred, que chegou ao Brasil em 1964 para desenvolver atividades pastorais na Igreja Metodista e acabou expulso do País dez anos mais tarde, depois de ceder sua residência para reuniões políticas contra a ditadura.
Segundo a Comissão de Anistia, o pastor, que é também um crítico da prática de tortura no governo George W. Bush, ficou proibido de entrar no Brasil até 18 de agosto de 1988. Ontem, no entanto, compareceu ao julgamento que lhe rendeu não apenas um pedido de perdão da Igreja Metodista, por lhe ter negado o apoio que acabou recebendo da Igreja Católica durante a ditadura brasileira.
A comissão aprovou uma indenização de R$ 285 mil ao pastor Fred, além de uma espécie de pensão vitalícia no valor mensal de R$ 2 mil. A lista dos anistiados políticos contemplados ontem com reparação financeira inclui também o primeiro ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos do governo Lula, Nilmário Miranda. O ex-deputado petista que começou a militância política aos 15 anos, sempre ligado à Igreja Católica, viveu sete anos na clandestinidade, foi torturado e passou três anos e dois meses preso. A comissão decidiu indenizá-lo com 240 salários mínimos (pouco mais de R$ 99 mil), que serão pagos de uma única vez.