Título: Apoio do BNDES é crucial para as empresas
Autor: Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2008, Economia, p. B11
Restrições ao crédito preocupam as indústrias do setor de infra-estrutura
O enxugamento do crédito decorrente da crise financeira internacional vai levar a uma seleção mais rigorosa dos projetos de infra-estrutura a serem tocados, avaliou o presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy. ¿O mercado de crédito vai ficar mais restritivo¿, comentou.
Preocupado com essa constatação, Godoy esteve na semana passada com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Ouviu de ambos que os projetos de infra-estrutura não serão interrompidos por falta de crédito. Mantega disse a Godoy que o governo procurará garantir recursos para quatro áreas: agricultura, exportação, PAC e BNDES.
Um teste será a próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), na terça-feira. Nela, será fixada a nova Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), usada nas linhas de crédito do BNDES. Hoje, ela está em 6,25% ao ano. Há no governo quem defenda a elevação, de forma a aproximá-la da taxa de juros básica da economia, a Selic, hoje em 13,75%. ¿Somos absolutamente contra essa idéia¿, afirmou Godoy.
Por enquanto, a perspectiva de menos crédito não desanimou os candidatos aos leilões de concessão de rodovia que o governo pretende realizar em dezembro e março. O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (Antt), Bernardo Figueiredo, disse que nenhuma empresa levantou temores quanto à falta de financiamento.
De fato, o presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacir Servilha, não vislumbra problemas para obter recursos para as empresas concorrerem à concessão das rodovias federais. ¿O BNDES vai financiar¿, disse.
A crise, explicou ele, é problema para as concessionárias participarem dos leilões de rodovia em São Paulo porque o modelo é de outorga - vence a empresa que pagar o maior lance pela concessão. Já o programa federal é diferente: o vencedor é o que cobra a menor tarifa e os investimentos necessários podem ser financiados pelo BNDES.