Título: Petrobrás corre para explorar a Bacia de Campos
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2008, Economia, p. B21

Região é responsável hoje por cerca de 85% da produção nacional de petróleo e será reforçada

Nicola Pamplona

Enquanto o governo discute o futuro do pré-sal, a Petrobrás se esforça para desenvolver as últimas descobertas gigantes na Bacia de Campos, região responsável hoje por cerca de 85% da produção nacional de petróleo. Durante a semana, a companhia inaugurou a plataforma de rebombeio de petróleo PRA-1, que vai facilitar o escoamento da produção dos Campos de Roncador, Marlim Sul e Marlim Leste, que, juntos, têm reservas equivalentes ao volume encontrado em Tupi.

Os três campos vêm recebendo importantes plataformas em 2008 e, por volta de 2013, devem produzir, juntos, uma média de 700 mil barris por dia, dando importante contribuição para a manutenção da auto-suficiência na produção de petróleo, enquanto a Petrobrás trabalha no desenvolvimento das reservas do pré-sal. Principalmente porque o maior campo produtor de petróleo hoje, Marlim, já está em declínio.

Em palestra na semana passada, o gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobrás, Francisco Nepomuceno, colocou Roncador e Marlim Sul na lista das maiores descobertas recentes da indústria mundial do petróleo. O primeiro tem 3,2 bilhões de barris e recebeu duas grandes plataformas entre o fim de 2007 e o início de 2008. O segundo tem reservas estimadas em 3 bilhões de barris e deve receber a sua terceira plataforma no fim do ano.

Somando com Marlim Leste, que tem reservas menores, na casa de 1 bilhão de barris, os três projetos têm hoje 7,2 bilhões de barris. Em Tupi, por exemplo, a companhia estima ter descoberto entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo. Diferentemente desse último, porém, o óleo encontrado na Bacia de Campos é pesado, com menor valor comercial por produzir menos derivados leves, como diesel e querosene de aviação.

Dos três grandes projetos de Campos, o mais emblemático é Roncador. O campo, que entrou em produção no início da década, foi cenário da tragédia com a plataforma P-36, então a maior do mundo, que naufragou em março de 2001, deixando 11 mortos.

Na virada deste ano, o projeto recebeu duas plataformas de grande porte e deve fechar o ano com um produção média de 265 mil barris por dia. A empresa prevê a instalação de outras duas plataformas no projeto, que vão garantir um pico de produção de 484 mil barris por dia em 2014.

Marlim Sul também tem duas plataformas e receberá mais duas. Para o início do ano que vem, está previsto o início das operações da plataforma P-51. O pico de produção, em 2013, deve ser de 287 mil barris por dia. Já Marlim Leste receberá até o fim do ano a plataforma P-53, que foi batizada na semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita ao Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul. O projeto vai produzir uma média de 160 mil barris por dia já a partir do ano que vem.

Em comum, todos têm o fato de serem interligados à PRA-1, desenhada para funcionar como um grande hub de escoamento do petróleo de Campos. A plataforma foi projetada para receber o petróleo das plataformas P-51, P-52, P-53 e P-55 - esta última será instalada em Roncador - e transferi-lo para grandes petroleiros. A unidade, fruto de investimento de US$ 837 milhões, terá capacidade para movimentar 818 mil barris de petróleo por dia.