Título: Nenhum país está imune à crise, diz Meirelles
Autor: Tosta, Wilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/09/2008, Economia, p. B9

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou ontem que os dados macroeconômicos ainda não mostram um impacto severo da crise norte-americana sobre a economia brasileira. Ao discursar na abertura do seminário do próprio BC sobre microfinanças, em Belo horizonte, Meirelles fez questão de ressaltar que a crise atual não está centrada no Brasil nem em outro país emergente.

Segundo ele, o País possui arcabouço sólido com o montante de reservas internacionais, de US$ 207 bilhões, suficientes para cobrir três vezes a dívida vincenda em 12 meses. ¿Nenhum país está imune à crise, mas a resistência que o Brasil adquiriu nos últimos anos melhora a capacidade da economia¿, disse.

Meirelles enfatizou que o BC continuará monitorando o desenvolvimento da crise com atenção ¿e tomará todas as medidas necessárias, bem como o governo, no sentido de enfrentar a crise de maneira a preservar o bom funcionamento da economia brasileira¿. Ao final do discurso, ele afirmou que o BC encara a crise com seriedade, mas aguarda os resultados.

Em Porto Alegre, onde participou da campanha da candidata do PT à Prefeitura, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, avaliou que o Brasil tem um sistema financeiro ¿robusto, que não foi contaminado (pela crise norte-americana) porque não estava participando do cassino¿. Para ela, a ¿questão séria¿ da crise é de solidez dos bancos que apresentaram problemas. ¿Não é a oscilação da bolsa que reflete a crise¿, assinalou, se referindo à queda da Bovespa, de mais de 10%, ontem.

¿É uma crise profunda de crédito¿, acrescentou, ao diferenciar a situação brasileira da norte-americana. Na avaliação da ministra, a crise norte-americana não chegou ao Brasil porque o País tem regras de regulação bancária mais rígidas que as dos Estados Unidos.