Título: DEM pode ficar sem PSDB no 2º turno de Salvador
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/10/2008, Nacional, p. A8
Tucano saiu na frente, mas amarga o 4º lugar, atrás de ACM Neto, Walter Pinheiro e João Henrique
Christiane Samarco, BRASÍLIA
O discurso de que PSDB e DEM devem estar juntos contra o PT na etapa final das eleições, feito por líderes dos dois partidos, pode cair no vazio em Salvador. Os tucanos, em quarto lugar nas pesquisas, tendem a liberar o voto dos filiados no segundo turno, em vez de apoiar oficialmente Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), mesmo que o adversário dele seja o petista Walter Pinheiro.
O candidato do PSDB, Antonio Imbassahy, largou na frente, apostando nos atributos pessoais de administrador testado - ele já foi prefeito de Salvador, entre 1996 e 2004, então pelo PFL, que depois mudou o nome para DEM. Imbassahy também buscou apresentar-se aos eleitores como opção do agrado do governador Jaques Wagner (PT), mas foi o petista Pinheiro quem se beneficiou da proximidade com o poder.
Hoje, em Salvador, quem está em ascensão é o prefeito João Henrique (PMDB) - subiu seis pontos no Ibope divulgado anteontem, chegando a 20% das intenções de voto, a mesma porcentagem de Pinheiro. Ambos estão atrás de ACM Neto (DEM), que tem 28% das intenções de voto. Henrique começou a campanha em quarto lugar, mas desbancou Imbassahy - o tucano caiu 5 pontos no último Ibope e está com 13% das intenções de voto.
PT e PSDB são próximos na Bahia, mas os tucanos estão divididos sobre o futuro. Uma ala do partido preferia que Imbassahy tivesse se aliado ao DEM de ACM Neto já no primeiro turno.
O DEM chegou a oferecer apoio à candidatura do dissidente do carlismo. ACM Neto só queria indicar o vice de Imbassahy, mas, diante da recusa, preferiu sair candidato a prefeito. E lançou-se com toda a garra e na condição de único candidato de oposição ao PT local.
¿No segundo turno nós vamos procurar todos. O eleitorado tucano vem pra gente, sem dúvida, porque o eleitor sabe que só na Bahia existe esta aliança esdrúxula (do PSDB) com o PT", aposta o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).
As relações perigosas da política baiana não param aí. Que o diga o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (BA), que hoje luta para reeleger o prefeito com uma campanha anti-petista. Inconformado com o fato de o PT ter participado do secretariado de João Henrique e rompido a aliança para disputar a corrida municipal, Geddel aposta que seu candidato não ficará fora do segundo turno.