Título: ACM Neto fechará com PMDB para derrotar PT baiano
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2008, Nacional, p. A11
Walter Pinheiro (PT) já selou acordo com os tucanos e espera PSOL para impedir reeleição de João Henrique
Christiane Samarco, BRASÍLIA
O PMDB do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, vai se juntar ao DEM baiano para tentar derrotar o PT do governador Jaques Wagner, na briga pela Prefeitura de Salvador. O DEM e o PR de Salvador anunciam, nas próximas 24 horas, apoio à reeleição do prefeito João Henrique Carneiro (PMDB), contra o petista Walter Pinheiro, que, por sua vez, já atraiu para a sua campanha os tucanos e ainda deve contar com o apoio do PSOL, que fazem oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O próprio João Henrique preparou o terreno para receber o apoio da oposição, com uma campanha anti PT no primeiro turno.
Uma reunião, na tarde de ontem entre as lideranças do PSDB e do PT, com a participação, entre outros, de Wagner, Pinheiro e do candidato tucano derrotado no primeiro turno, Antonio Imbassahy, foi concluída com o anúncio do apoio do PSDB à candidatura petista. É o primeiro acordo oficial, em Salvador, entre partidos concorrentes no primeiro turno. O anúncio já era esperado, porque o PSDB faz parte da base de sustentação do governo do Estado.
Apesar de o segundo turno na quarta maior cidade brasileira se dar entre dois aliados do Palácio do Planalto, o enfrentamento entre o PMDB e o PT não é confortável para o governo federal. Correligionários do ministro e do governador entendem que a briga pelo comando de Salvador está antecipando o embate que Geddel e Wagner só travariam em 2010. A avaliação geral é de que o ministro tem, na reeleição do prefeito João Henrique, a chance de aumentar seu cacife para disputar o governo do Estado contra Wagner em 2010.
O cenário de confronto entre o governador e o ministro ganhou contornos concretos quando, a quatro meses da eleição, o PT abandonou os cargos que vinha ocupando desde o início da administração João Henrique para disputar a prefeitura contra o PMDB. Tanto é assim que Geddel fez questão de denunciar publicamente que o rompimento da parceria na prefeitura implicava quebra de qualquer compromisso de aliança futura, incluindo aí o projeto de reeleição do governador. O ministro manteve o apoio do PMDB ao governo Wagner, mas deixou claro que se sentia ¿liberado¿ para seguir qualquer caminho em 2010, até mesmo o da candidatura ao governo.
O apoio do DEM e do PR está sendo disputado nos bastidores pelo ministro e pelo governador. Apesar da guerra histórica entre o PT e os carlistas, Jaques Wagner não hesitou em procurá-los. Um interlocutor do governador informou ao Estado que Wagner telefonou ontem ao senador Antonio Carlos Junior (DEM-BA), sugerindo que o DEM ficasse neutro no segundo turno em Salvador.
Àquela altura, porém, Junior já havia sido procurado pelo prefeito e por Geddel que também tratou de contatar o senador César Borges, que preside o PR baiano. COLABOROU TIAGO DÉCIMO