Título: CNI quer política monetária mais branda contra a crise
Autor: GranerFabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2008, Economia, p. B13

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou ontem que a crise mundial vai moderar a expansão da economia brasileira em 2009 e requer do Banco Central (BC) a reavaliação da política monetária. ¿O desafio será manter as condições de crescimento, enquanto a economia mundial vai crescer de forma mais lenta¿, diz a direção da entidade, em seu Informe de Conjuntura, divulgado ontem. Para a CNI, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 3,5% em 2009.

¿São dois os principais vetores da transmissão: menor disponibilidade de crédito internacional e redução da demanda externa por produtos brasileiros. O primeiro tem efeito mais imediato, enquanto o segundo vai se apresentar de forma progressiva, à medida que o comércio mundial perde dinamismo¿, comenta a CNI, destacando que os efeitos da crise sobre a economia real até agora são ¿tênues¿.

Na visão da CNI, o atual ciclo de alta nos juros não foi dimensionado para um cenário adverso como o atual e, por isso, a reavaliação dessa política é `imprescindível¿, mesmo diante da continuidade de pressões inflacionárias. A entidade também destaca a importância de o BC mostrar-se atento aos problemas de liquidez e de elevação no custo do crédito, especialmente nas linhas voltadas para exportação.

A combinação de política monetária contracionista com um ambiente internacional adverso ¿forma um cenário propício à perda de ritmo de expansão¿, embora a CNI avalie que a demanda interna, fator principal do crescimento econômico, não vai se dissipar imediatamente.

A CNI nota um ¿paradoxo¿ na política monetária atual do BC. ¿As alterações nos compulsórios em um cenário de elevação da Selic criam um paradoxo por representar uma política monetária com força em sentidos opostos: ao mesmo tempo em que o BC torna o crédito mais caro ao elevar os juros, proporciona mais liquidez ao sistema financeiro com a redução do compulsório.¿

A CNI também defendeu o aumento na poupança pública por meio da redução dos gastos correntes do governo. Isso seria uma forma de compensar a redução na poupança externa. Dessa forma, o País conseguiria manter o ritmo de crescimento do investimento.

A entidade elevou de 4,7% para 5,3% a projeção para o PIB em 2008. A revisão decorre do resultado do PIB no segundo trimestre, de expansão de 6,1% ante igual período de 2007, acima dos 5,5% esperados. A projeção de crescimento da indústria subiu de 5% para 5,5%.