Título: Anvisa proíbe antiinflamatórios
Autor: Junior, Humberto Maia; Sorano, Vitor
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2008, Vida &, p. A35
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a fabricação, venda e uso dos antiinflamatórios Arcoxia (etoricoxibe), de 120 mg, e do Prexige (lumiracoxibe), de 400 mg, que já estava proibido na versão de 100 mg. Segundo a agência, os riscos desses medicamentos é maior do que seus benefícios - nas reações adversas de ambos estão, por exemplo, problemas cardiovasculares. A decisão será publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira e vale para todo o País.
As versões de 60 mg e 90 mg do Arcoxia sofrerão alterações na bula. Serão acrescidas advertências de segurança para alertar sobre os riscos ligados à pressão alta e cardiovasculares.
De acordo com o gerente de pesquisas clínicas da Anvisa, Jorge Samarra, o uso do Arcoxia 120 mg está associado a possíveis doenças cardiovasculares, como aumento de pressão arterial, insuficiência cardíaca e enfarte. O Prexige, além de doenças cardiovasculares, pode favorecer a ocorrência de doenças hepáticas. ¿Em primeiro lugar, (os usuários dos remédios) devem procurar o médico para proceder a troca do medicamento usado para não interromper o tratamento¿, disse Samarra. Quem tiver unidades do produto em casa pode entregá-las nas farmácias e ser reembolsado.
Em julho, quando a Anvisa proibiu a venda do Prexige 100 mg, a versão de 400 mg foi suspensa por 90 dias. Até aquele mês, a agência registrou 1.265 reações adversas de pacientes que usaram o medicamento - 35% do total registrado no mundo. Hemorragia, hepatite e doenças cardiovasculares estão entre os efeitos colaterais.
Em relação ao Arcoxia, a Anvisa recebeu,de junho a agosto, 16 notificações de suspeitas de reações adversas. Entre elas estão casos de aumento de pressão arterial ou crise hipertensiva, alteração do ritmo cardíaco e falta de ar. O medicamento é vendido no Brasil desde 2002 e indicado para casos de dor e inflamação. No mundo, é usado por 2,6 milhões de pessoas anualmente.
Os dois remédios são do tipo não-esteróides inibidores da ciclooxigenase (chamados cox-2). Antiinflamatórios dessa categoria, a partir de agora, só poderão ser vendidos no Brasil com a retenção da receita médica pela farmácia. Os preços variam de R$ 30 a R$ 60 dependendo da quantidade de comprimidos.
Em nota, a Merck Sharp & Dohme, laboratório que fabrica o Arcoxia, lamentou a decisão da Anvisa. ¿A empresa reitera que a medida não reflete a evidência científica, baseado em estudos que comprovam o perfil favorável de risco/benefício do medicamento.¿ De acordo com o laboratório, cerca de 45 mil pacientes participaram de estudos clínicos e 26 mil foram tratados no programa de monitoramento para averiguar a ocorrência de reações adversas.
A Novartis, laboratório que fabrica o Prexige, informou em nota que já vinha reembolsando o valor das unidades devolvidas desde a suspensão temporária da venda do medicamento. O reembolso continua. ¿A Novartis reitera que Prexige representava uma opção terapêutica eficaz e segura para o tratamento da dor aguda.¿
ANTECIPAÇÃO
Farmácias se adiantaram à publicação oficial e disseram ter começado a tirar o remédio das prateleiras. A Drogasil, que opera 247 lojas no País, informou que as providências estão sendo tomadas para recolher os produtos. A Drogaria São Paulo, com 223 lojas, diz que cumpriu a orientação dos fabricantes e devolveu os remédios para o depósito. A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) diz que as associadas devem aguardar ¿posicionamento oficial¿.