Título: Só educação e diálogo podem dar segurança
Autor: CruzRenato
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2008, Metrópole, p. C3

A SaferNet publica, em seu site, uma lista com os dez mandamentos do jovem internauta. O primeiro deles diz: ¿Seja prudente, você não sabe o que está por trás da tela do computador.¿ A segurança das crianças que navegam na internet é mais uma questão de educação do que técnica. Os pais devem mostrar aos filhos que existem perigos a serem evitados na rede mundial, assim como ensinam aos filhos quais cuidados devem tomar nas ruas.

Um grande problema nessa área é que muitas vezes os filhos sabem mais de internet do que os pais. Normalmente, sabem mais sobre como usar a rede e quais são os serviços disponíveis, mas isso não os torna mais preparados para enfrentar as ameaças que existem online, como pedófilos ou golpistas. É importante que os pais, mesmo que não conheçam muito a respeito da rede, conversem com seus filhos e acompanhem o uso que fazem da internet.

Esse diálogo pode ser usado pelos pais até para conhecer um pouco mais sobre a rede mundial. O computador no quarto das crianças (presente em 64% das casas, segundo a pesquisa SaferNet) é um problema, só superável pelo diálogo com os pais. ¿Nunca aceite propostas de encontro sem informar aos seus pais¿ e ¿se alguma foto te perturba, saia do site e avise os seus pais¿, alerta a ONG.

Vários dos mandamentos aconselham a criança a não divulgar suas informações pessoais: ¿Não diga nem o seu nome nem a sua idade¿, ¿nunca divulgue a sua senha (password)¿, ¿não dê o seu endereço¿ e ¿nunca envie qualquer foto sua¿. Essas dicas servem também para sites de relacionamento, como o Orkut, e para blogs. A internet é um espaço público. Às vezes é difícil, até mesmo para adultos, entender que um álbum de fotos aberto na rede, criado para os amigos, está exposto a todos os internautas do mundo. Informações que indiquem onde a criança mora, onde estuda ou quais seus hábitos podem torná-la vulnerável a pedófilos e outros criminosos.

Existem programas que bloqueiam conteúdo impróprio. Eles não podem ser encarados, no entanto, como uma solução para a segurança da criança na internet. Nenhum deles é infalível e, dependendo de como são configurados, podem impedir o acesso a conteúdo educativo sem garantir o bloqueio de todo o conteúdo impróprio. A navegação segura é mais uma questão de educação do que técnica.

A criança precisa saber como se comportar na rede e entender que isso é importante. Não adianta criar várias barreiras no computador de casa, se a criança estará desprotegida em outras máquinas, como na escola, na lan house ou na casa de amigos.

Um conselho importante é ensinar a criança a desconfiar das pessoas e das informações que encontra na internet. Isso pode ser útil até numa pesquisa escolar. A SaferNet recomenda: ¿Quando estiver na sala de bate-papo (chat), desconfie¿, ¿não acredite em todas as informações que você recebe¿ e ¿não responda aos e-mails que te ofendam.¿

Em 2007, havia cerca de 45 milhões de internautas no Brasil. Segundo o Ibope/NetRatings, o País tinha 36,3 milhões de pessoas com internet em casa no trimestre passado. Em agosto, eram 24,3 milhões de usuários ativos (que usaram a rede pelo menos uma vez no mês).

CUIDADOS

Filtros: Há programas que bloqueiam conteúdo. No entanto, eles não são garantia de navegação segura. O software que usa palavras-chave pode acabar impedindo o acesso a conteúdos educacionais, sem garantir o bloqueio de todo o conteúdo impróprio. É possível impedir o acesso a alguns sites, mas não há como fazer uma lista de todos os endereços impróprios

Espaço: A internet é um espaço público. As imagens e informações podem ser acessadas por todo mundo. Os jovens não devem revelar dados pessoais na internet nem publicar fotos suas. As informações podem ser usadas por pessoas mal-intencionadas

Educação: Os pais precisam ensinar aos filhos como se comportar na rede mundial assim como ensinam a eles como se comportar nas ruas. As crianças devem evitar contatos com estranhos e recusar encontros com desconhecidos. Devem desconfiar das informações que recebem e conversar com os pais sobre suas atividades na rede. É melhor que o computador não seja instalado no quarto. Colocar como página principal uma que a criança sempre acessa dificulta que ela fique navegando desnecessariamente