Título: Bancos vêem queda no capital para emergentes
Autor: Fernandes, Nalu
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/10/2008, Economia, p. B3
O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), que reúne os principais bancos mundiais, reduziu para US$ 619 bilhões a projeção dos fluxos líquidos de capital privado para os mercados emergentes em 2008. Em março, a instituição falava em um fluxo de capitais para os mercados emergentes da ordem de US$ 731 bilhões. Se confirmada a projeção do IIF, para 2008 haverá declínio significativo na comparação com o fluxo de capital registrado em 2007, de US$ 898 bilhões.
Diante do cenário mundial, o IIF ¿aceita a responsabilidade de adotar quaisquer ações necessárias para contribuir com a estabilidade¿, disse o presidente do instituto e do banco alemão Deutsche Bank, Josef Ackermann. ¿Líderes da nossa indústria aceitam a responsabilidade de tomar as ações necessárias para recuperar a estabilidade nos mercados e mantê-la no futuro. Riscos sistêmicos precisam de respostas sistêmicas e de uma abordagem coordenada e consistente¿, acrescentou Ackermann, durante entrevista.
Os dados do IIF revelam que 2007 foi o ano que marcou o nível mais elevado dos fluxos líquidos privados para os países emergentes no ciclo atual, informou o grupo, que funciona como uma espécie de Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) em escala mundial.
Para 2009, o IIF prevê que os fluxos líquidos devem ficar em US$ 562 bilhões, cerca de US$ 60 bilhões abaixo da estimativa para 2008, representando um retorno em direção ao nível de 2006 (de US$ 565 bilhões). O principal canal do enfraquecimento corrente é o forte declínio nos empréstimos líquidos interbancários, disse o IFF.
O IIF pondera, no entanto, que há relativa estabilidade nos investimentos estrangeiros diretos (IED). Em tempos de estresse, os IEDs são ainda mais relevantes para os emergentes. Para uma amostra de 30 países, o IIF estima que os investimentos estrangeiros diretos líquidos devem estar em torno de US$ 288 bilhões em 2008, pouco abaixo dos US$ 302 bilhões registrados em 2007. Para 2009, a projeção é de US$ 282 bilhões.
¿Diversos emergentes implementaram reformas-chave e políticas macroeconômicas prudentes que os deixaram muito mais resistentes e acreditamos que esses estão posicionados para suportar as tempestades¿, disse William Rhodes, primeiro-vice-presidente do IIF e executivo-chefe do Citigroup.
CRESCIMENTO
O IIF constata que há elevada correlação entre crescimento econômico mundial e fluxos líquidos privados para os países emergentes. Para 2008, o instituto prevê que a economia mundial deve crescer 2,3%, e deve desacelerar para 1,6% em 2009, a pior performance desde 2001. As economias maduras devem avançar 1,1% neste ano e 0,5% em 2009, com os EUA ¿parecendo ter entrado em recessão nas semanas recentes¿, fase que deve durar até os primeiros meses de 2009. Para os emergentes, o IIF estima crescimento de 6,4% em 2008 e 5,5% em 2009. Para o Brasil, o IIF prevê crescimento de 5,3% neste ano e 3% em 2009.
¿A redução de 0,7 ponto porcentual no crescimento global que projetamos (de 2008 para 2009) significaria moderação nos fluxos de cerca de US$ 130 bilhões, o que sugere risco para a projeção em 2009¿.