Título: Não posso ouvir trovão sem me lembrar daquilo
Autor: Alcalde, Luísa
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2008, Nacional, p. A12

Dos 128 estudantes de medicina da turma de 1967 da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), um deles era o cirurgião e endoscopista Nicolino Lia, hoje com 60 anos. Ele trabalha em Araraquara, no interior paulista. Segundo Lia, 15 morreram, a maioria de doenças.

¿Um terço é de São Paulo, a maioria é do Rio¿, conta ele. ¿Participei da manifestação no dia em que Luiz Paulo foi morto. Quando chegaram atirando, entramos todos para o pátio do hospital¿, recorda.

TROVÃO

¿Na minha altura formou-se uma linha de tiros. Até hoje, qualquer barulho que lembre tiro me vem o filme daquela época. Vejo os militares, armas em punho. Não posso ouvir um trovão sem lembrar de tudo aquilo¿.

Para não deixar essas lembranças no passado, os 104 colegas prometem comparecer com as mulheres, maridos, filhos e netos. Os organizadores esperam 250 pessoas. Após a cerimônia oficial haverá um almoço no restaurante do campus. À tarde acontece uma retrospectiva histórica dos fatos que marcaram 1968