Título: Angola atrai cada vez mais brasileiros
Autor: Veiga, Edison
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2008, Metropole, p. C1

Nada de subemprego. Nada de viver mal. Ao contrário da maioria dos brasileiros que migra para os Estados Unidos ou países europeus, boa parte dos que vão para Angola ocupa altos cargos em empresas multinacionais. Para convencê-los, salários que chegam ao triplo do que recebiam no Brasil, moradia, carro com motorista e passagens aéreas para rever a família - em média, a cada dois meses.

De acordo com estimativas da Embaixada do Brasil em Luanda, o número de brasileiros que hoje vivem no país africano pode chegar a 40 mil. ¿E tem aumentado muito¿, conta Daniel Leitão, conselheiro da Embaixada. ¿Mas é uma população flutuante. Freqüentemente os contratos de trabalho incluem passagens de volta, periodicamente, ao Brasil.¿

Mas por que tamanho interesse? De 1975 a 2002, Angola viveu uma sangrenta guerra civil que deixou 500 mil mortos. Nesse período, investimentos em infra-estrutura e desenvolvimento foram deixados de lado. Resultado: com o fim do conflito, se iniciou um processo de construção do país. Como não havia mão-de-obra angolana qualificada, os migrantes preencheram esse espaço. Ganhando bem. ¿Quase todo mundo que está aqui veio em busca de altos salários¿, diz o relações-públicas mineiro David Braga, que vive em Luanda - a capital, com 4,5 milhões de habitantes - há um ano. ¿Afinal, nem todos têm `coragem¿ de morar em um lugar com certas restrições de alimentação, higiene e segurança.¿

Segundo a Associação dos Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (Aebran), há mais de 50 firmas brasileiras instaladas no país africano hoje. ¿O país está em grande crescimento econômico. E isso nos dá a possibilidade de crescer também¿, afirma o diretor de relações institucionais da Aebran, Marcos Alexandre da Silva. Economista, se mudou para lá há dois anos. Atua como diretor Comercial da Andrade Gutierrez.

Quem puxou a fila das empresas brasileiras por lá foi o grupo Odebrecht, instalado em Angola desde 1984. De lá para cá, eles construíram hidrelétricas, investiram na urbanização de parte de Luanda Sul e criaram um programa de saneamento e requalificação urbana em Luanda.

Hoje a Odebrecht emprega 30 mil funcionários em Angola - 2,5 mil brasileiros. ¿Consolidamos uma parceria muito forte entre os dois países¿, afirma o diretor da construtora Norberto Odebrecht em Angola, Humberto Rangel. No país africano, o grupo investe ainda em mineração, agroindústria e imóveis - tem participação, por exemplo, no único shopping do país, inaugurado no ano passado.