Título: Atrás nas pesquisas, McCain relança campanha
Autor: MelloPatrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2008, Internacional, p. A10
A três semanas da eleição presidencial americana, o candidato republicano John McCain relançou ontem sua campanha prometendo aos líderes conservadores e à base do partido uma ¿virada espetacular¿ até o dia da votação. A mudança de tom pôde ser sentida no discurso realizado em Virginia Beach, que mostrou um McCain muito mais pessimista.
¿Estes são tempos difíceis, meus amigos. O estilo de vida americano está em crise¿, disse McCain. ¿Nossa economia vai mal, o mercado financeiro entrou em colapso, os créditos sumiram e suas aposentadorias estão em risco. Os empregos estão desaparecendo, a gasolina, os planos de saúde, as compras do mês e a escola de seus filhos estão cada vez mais caros.¿
De maneira surpreendente - para desgosto de alguns republicanos -, McCain bateu firme no presidente George W. Bush. ¿Não podemos passar os próximos quatro anos do mesmo jeito que passamos os últimos oito, simplesmente esperando as coisas melhorarem¿, disse.
McCain reconheceu que está perdendo a disputa. ¿Estamos 6 pontos atrás, a mídia nacional já nos colocou fora do jogo e o senador Obama dá a vitória como certa. Ele já está medindo as cortinas da Casa Branca e planejando com Nancy Pelosi (presidente da Câmara) e Harry Reid (do Senado) como aumentar impostos e os gastos públicos¿, disse. ¿Mas ainda temos 22 dias e vamos virar o jogo.¿
McCain voltou a falar sobre seu plano de usar US$ 300 bilhões para comprar e refinanciar hipotecas. O candidato republicano, contudo, frustrou a expectativa de muitos analistas, alguns do próprio partido, por não ter revelado novas medidas e detalhado sua plataforma econômica, como fez Obama ontem.
DERROTA
¿Nos últimos dias, Obama é que parece ser o sujeito mais velho, mais experiente e o único capaz de lidar com a crise econômica¿, disse Peggy Noonan, estrategista republicana, que escrevia discursos para o presidente Ronald Reagan. ¿A essa altura, a eleição está completamente fora do alcance de McCain¿, afirmou Matthew Dowd, estrategista republicano que fez as campanhas do presidente George W. Bush em 2000 e 2004.
DEBATE
A campanha de McCain prometeu ser mais agressiva também em outro front: o debate. No domingo, o candidato já havia dito que ¿esmagaria¿ Obama no terceiro debate, que ocorre amanhã, em Nova York.
Ontem, Tucker Bounds, um dos principais assessores do candidato, disse que McCain deverá levar para a discussão a ligação do democrata com Bill Ayers, um terrorista americano que lançou bombas em prédios públicos nos anos 60.