Título: Obama anuncia plano de US$ 60 bi para classe média
Autor: MelloPatrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2008, Internacional, p. A10
O senador Barack Obama, candidato democrata à presidência, lançou ontem um plano de resgate econômico da classe média que, se aprovado, vai consumir US$ 60 bilhões em dois anos. O principal ponto do plano é uma moratória de 90 dias para execução de hipotecas, o grande pesadelo de americanos de classe média, que não conseguem mais pagar as prestações de seus imóveis.
Obama afirmou que o pacote deve ser adotado imediatamente. ¿Não podemos ficar esperando para ajudar os trabalhadores que estão sofrendo agora, que não sabem se seu emprego ou aposentadoria vão existir amanhã¿, disse. A campanha democrata espera que as medidas sejam votadas pelo Congresso antes do final do ano.
O democrata apresentou seu plano em Toledo, Ohio, um dos Estados decisivos na eleição de 4 de novembro. Uma pesquisa recente do Marist College mostra Obama com 49% das intenções de voto no Estado, diante de 45% para o republicano John McCain. Ohio é também um dos Estados mais afetados pela crise econômica. Durante o lançamento de seu plano, Obama aproveitou para, mais uma vez, culpar o governo Bush pela turbulência. ¿George Bush cavou um buraco muito fundo e vai levar um tempo até que consigamos sair¿, disse o candidato.
A moratória valeria para hipotecas financiadas por bancos que estão recebendo ajuda do Tesouro por meio do recém-lançado pacote de resgate do sistema financeiro.
Outro ponto do projeto de Obama é oferecer incentivos fiscais para empresas que criarem empregos nos próximos dois anos, como forma de combater o desemprego. O pacote também permite que as famílias saquem até US$ 10 mil de seus fundos de previdência sem penalidades tributárias.
Esses recursos ajudariam os americanos a sobreviver nos ¿tempos difíceis que estão pela frente¿. Obama também propôs oferecer mais US$ 25 bilhões em garantias federais nos empréstimos para as montadoras americanas e isenção fiscal temporária sobre o seguro-desemprego.
Obama conseguiu uma vantagem significativa sobre McCain nas pesquisas de intenção de voto em grande parte por causa da crise econômica. O democrata é visto pela maior parte da população como o mais capacitado para tirar o país da recessão.
Na última pesquisa do Washington Post-ABC News, divulgada ontem, Obama abriu um vantagem de 10 pontos porcentuais em relação a McCain. O democrata aparece com 53% da preferência entre eleitores registrados que pretendem votar e o republicano, 43%.
Na última pesquisa do instituto Gallup, também divulgada ontem, Obama tem uma vantagem de 8 pontos porcentuais (52% a 44%), diferença que vem se mantendo nas últimas duas semanas. Desde que o Gallup começou a pesquisar, em 1936, só uma vez aconteceu uma virada tão grande nos últimos dias de campanha.
Foi em 1980, quando o republicano Ronald Reagan, que estava 8 pontos atrás do democrata Jimmy Carter (47% a 39%) a dez dias da eleição, conseguiu vencer. A diferença, segundo analistas, é que Reagan, ao contrário de McCain, representava o partido que não estava no poder.