Título: A influência de São Paulo
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/10/2008, Notas & Informações, p. A2

Não apenas por sua população (19,5 milhões de habitantes em 2007), mas sobretudo por sua influência sobre outras cidades e regiões, algumas a mais de 3,5 mil quilômetros de distância, a região metropolitana de São Paulo é a única grande metrópole nacional, de acordo com a classificação do IBGE. Sua área de influência abrange o Estado de São Paulo, parte do Triângulo Mineiro e do Sul de Minas Gerais e se estende por Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Os 1.028 municípios sob influência de São Paulo abrigam 28% da população brasileira e são responsáveis por 40,6% do PIB do País.

Dado o peso da região metropolitana de São Paulo na economia brasileira, era previsível a classificação dada pelo IBGE no estudo Regiões de Influência das Cidades - 2008, que estabelece uma hierarquia dos 12 principais centros urbanos do País. O que surpreende no trabalho do IBGE é a distância entre São Paulo e as demais metrópoles, no que se refere às dimensões econômicas de suas áreas de influência, o que lhe assegurou com folga a classificação de ¿grande metrópole nacional¿. Na segunda classificação, chamada de ¿metrópole nacional¿, estão Rio de Janeiro (11,8 milhões de habitantes na área metropolitana) e Brasília (3,2 milhões de habitantes). Essas duas áreas têm peso bem menor do que São Paulo no PIB, de, respectivamente, 14,4% e 6,9%.

Os outros nove centros urbanos receberam a terceira classificação do IBGE, chamada de ¿metrópole¿, e, entre eles, há alguns que têm na economia nacional um peso maior do que o de Brasília, como Curitiba (9,9% do PIB), Porto Alegre (7,4%) e Belo Horizonte (7,5%). Mas estão com classificação inferior à de Brasília por causa dos critérios do IBGE para estabelecer a hierarquia dos grandes centros urbanos.

O que a pesquisa leva em conta são dados coletados diretamente pelo IBGE ou obtidos de outras fontes, como os registros administrativos de órgãos públicos e privados e estudos complementares. O IBGE considerou, por exemplo, a presença de órgãos públicos, a localização de grandes empresas, a oferta de ensino superior e serviços de saúde e a existência de emissoras de televisão aberta com programação própria.

Na administração pública, o estudo procurou identificar as relações de subordinação administrativa na área federal - uma delegacia responde à superintendência regional, por exemplo. No setor privado, buscou a localização das sedes e das filiais das grandes empresas, para tentar estabelecer a relação de dependência de uma unidade em relação à outra. Neste caso, a supremacia de São Paulo sobre as demais regiões é notável: abriga as sedes de 365 das 500 maiores empresas do País. Em segundo lugar aparece o Rio de Janeiro, que sedia 116 das maiores empresas, menos de um terço das sediadas em São Paulo.

Também foram avaliadas informações como ligações aéreas, deslocamentos para internações hospitalares, áreas de cobertura das emissoras de televisão, o número de vagas no ensino superior, a diversidade de atividades comerciais e de serviços, a oferta de serviços bancários, as principais ligações de transportes regulares, os principais destinos dos moradores locais para obter produtos e serviços e o destino dos produtos agropecuários.

Do cruzamento dessas informações resultaram muitas influências superpostas. Certas regiões de Minas Gerais são influenciadas tanto por Belo Horizonte como pelo Rio de Janeiro, por exemplo. Mas o estudo do IBGE conseguiu estabelecer uma classificação bastante clara da influência dos principais centros urbanos sobre outras regiões. O estudo identificou também o que chama de ¿capitais regionais¿, que são os 70 centros que se relacionam com as metrópoles, mas influenciam outros aglomerados urbanos classificados pelo IBGE em níveis inferiores. Foi constatada também a existência de 169 centros sub-regionais, com atividades menos complexas e com área de influência mais reduzida; outras 556 cidades foram consideradas centros de zona, com atuação restrita a alguns municípios vizinhos; e os demais 4.473 municípios foram considerados centros locais, cuja atuação não vai além de seus próprios limites.