Título: Quintão disputa BH, mas fez lobby para Ipatinga
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/10/2008, Nacional, p. A8

Se o eleitor tivesse a oportunidade de pesquisar os trabalhos parlamentares de Leonardo Quintão (PMDB), candidato a prefeito de Belo Horizonte que aparece com 18 pontos à frente de Márcio Lacerda (PSB), de acordo com pesquisa do Ibope contratada pelo Estado e pela TV Globo e divulgada ontem, poderia ter a impressão de que ele disputa mesmo é um cargo em Ipatinga. Desde que assumiu o mandato de deputado federal, em fevereiro do ano passado, Quintão mostrou ser um forte ¿despachante¿ da cidade do Vale do Aço, a 170 quilômetros da capital.

Filho de Sebastião Quintão, prefeito de Ipatinga que foi derrotado por Chico Ferramenta (PT) no último dia 5, Leonardo agiu muito mais para levar benefícios para a cidade do pai do que para Belo Horizonte. São dele os requerimentos para que o Ministério da Saúde instale lá um hemocentro, para que o Ministério da Justiça leve para a cidade delegacias das Polícia Federal e Rodoviária Federal, para que o Ministério da Educação inaugure no local um Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) e até para que o Ministério da Agricultura abra em Ipatinga uma filial da Ceasa.

Nos 47 discursos que fez no plenário da Câmara, sempre durante as breves comunicações ou no pequeno expediente, Leonardo Quintão não se esqueceu de Ipatinga. No dia 13 de maio, por exemplo, exatamente às 15h08, Leonardo Quintão foi à tribuna falar sobre os surtos de dengue que eram registrados no País. Formado em Administração de Empresas e Economia pela Universidade Florida Central, nos Estados Unidos, ele se esmerou em mostrar os números da dengue. Encerrou o discurso com elogios às medidas tomadas por seu pai no combate à doença.

¿No caso de Ipatinga, tivemos dois fortes surtos no ano de 2000, com 7.205 notificações e, no ano de 2004, com 2.463 pessoas infectadas. Graças às ações preventivas da atual administração daquela cidade (Sebastião Quintão), a doença foi gradativamente controlada.¿

Leonardo Quintão tem 33 anos e carreira política meteórica. Em 2001, com 25 anos, foi eleito vereador; dois anos depois, venceu a eleição para deputado estadual e, em 2006, conseguiu vaga de deputado federal. Agora, aparece na condição de favorito à Prefeitura de Belo Horizonte contra o candidato apoiado pelo governador Aécio Neves (PSDB) e pelo prefeito Fernando Pimentel (PT).

Ele investe em sua imagem. Entre todos os deputados candidatos, foi o que mais gastou verba da Câmara na impressão de folhetos para divulgar sua atividade parlamentar. Nos sete primeiros meses do ano, utilizou R$ 82.798,00 do dinheiro do gabinete nessa atividade.

No ano passado, freqüentou 109 das 128 sessões deliberativas realizadas pela Câmara. Justificou 17 das 19 faltas. Neste ano, apareceu em 23 das 26 sessões deliberativas realizadas até o primeiro turno da eleição. Não justificou nenhuma das ausências. Foi integrante da CPI do Apagão Aéreo, na qual teve uma participação discreta.