Título: Para Volcker, crise pode ser contida. Mas falta um líder
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2008, Economia, p. B5

O ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) Paul Volcker avalia que o mundo conseguiu desenvolver, nos últimos dias, as ferramentas necessárias para conter a crise. ¿Agora precisamos de uma liderança capaz de usá-las¿, escreveu ele ontem, em um artigo no Wall Street Journal.

Para Volcker, que dirigiu a instituição entre 1979 e 1987, ¿as autoridades financeiras, nos Estados Unidos e em outros países, estão agora em posição de tomar as medidas necessárias de maneira convincente para estabilizar os mercados e restaurar a confiança¿. ¿Agora é hora de fazer uso delas. Para este fim, a necessidade imediata e crítica é de uma liderança determinada, enérgica e persistente - estendendo-se entre governos e Congressos¿, escreveu. ¿Mas os setores público e privado precisam estar envolvidos.¿

Se isso ocorrer, Volcker acredita que a ¿inevitável¿ recessão pode ser mais fraca do que se espera hoje. O ex-presidente do Fed defendeu, ainda, que as intervenções ¿extraordinárias¿ dos governos no sistema financeiro global devem acabar o mais rapidamente possível.

A reconstrução do setor, segundo ele, ¿é um trabalho para outro dia, para uma nova administração aqui nos EUA, na qual ministros das finanças e bancos centrais trabalhem juntos¿. ¿Ela precisa se servir da força do agora castigado setor privado. Será necessário um melhor entendimento do risco envolvido na chamada engenharia financeira e dos perversos incentivos compensatórios que exaltaram o risco em detrimento da prudência.¿

Quando comandava o Fed, Volcker implementou uma política monetária dura, cujo objetivo era reduzir a inflação, que chegou a bater 13,5% em 1981. O juro básico, em 1980, alcançou o recorde de 21,5% ao ano.

No WSJ, Volcker escreveu que ¿há, e tem de haver, o reconhecimento do papel essencial que os mercados financeiros livres e competitivos desempenham num sistema econômico vigoroso e inovador¿. ¿Mas jamais podemos permitir que se corra o risco de provocar tamanho estrago econômico dentro de uma estrutura tão frágil, tão excessivamente desdobrada, tão opaca quanto a dos últimos anos.¿ -------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 11/10/2008 02:03