Título: Em novo discurso, Bush tenta acalmar investidores
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2008, Economia, p. B5

Presidente americano tem falado em público diariamente desde que a crise se intensificou

Em mais uma tentativa de tranqüilizar os investidores, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, fez um pronunciamento ontem no qual garantiu que o governo tem as ferramentas necessárias para restaurar a ordem nos mercados financeiros e resolver a crise econômica.

Ele disse que continuará trabalhando com parceiros ao redor do mundo para elaborar respostas coordenadas, mas seu governo tem buscado reduzir as expectativas de que um plano de socorro do G-7 seja revelado neste fim de semana.

¿O plano que estamos executando é agressivo. É o plano certo. Levará tempo para que tenha impacto total. É flexível o suficiente para se adaptar conforme muda a situação e é grande o suficiente para funcionar¿, disse Bush, durante um discurso de oito minutos, o mais recente de uma série de comentários sobre a crise.

Desde que a crise se agravou drasticamente, em 15 de setembro, com a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, o presidente americano falou em público todos os dias sobre a situação econômica do país.

Ontem, ele compareceu ao jardim da Casa Branca para tentar acalmar os cidadãos, enquanto o Índice Dow Jones, o mais tradicional da Bolsa de Nova York, caía pelo oitavo dia consecutivo - o indicador encerrou a semana com perdas de 18%. Segundo a agência Dow Jones, foi a pior semana em 112 anos.

Bush disse que a administração está usando as ferramentas disponíveis de forma agressiva. ¿O governo dos EUA está agindo e continuaremos a agir para resolver esta crise e restaurar a estabilidade nos nossos mercados¿, afirmou. ¿O governo federal possui uma estratégia abrangente e as ferramentas necessárias para abordar os desafios da nossa economia.¿

Mesmo assim, as agências reguladoras de bancos avaliam uma série de opções complementares ao pacote de US$ 700 bilhões aprovado recentemente pelo Congresso dos EUA, que até agora fracassou na tentativa de restaurar a confiança dos investidores. Entre as medidas adicionais, está a garantia das dívidas de bancos e dos depósitos nos bancos americanos.

¿É um momento de preocupação. Mas o povo dos EUA pode ter confiança em nosso futuro econômico¿, afirmou.

Bush classificou a atual crise como ¿profundamente preocupante para o povo americano¿. Segundo ele, a angústia sobre o problema está alimentando mais inquietação. ¿Nos últimos dias, testemunhamos uma queda impressionante no mercado de ações, grande parte dela em decorrência da incerteza e do medo.¿

Conforme a crise se intensifica, a administração sofre pressão crescente para participar mais ativamente da formulação de uma resposta coordenada com outros líderes mundiais. Os ministros de Finanças e as autoridades dos bancos centrais do G-7 se reuniram ontem em Washington, antes dos encontros anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Bush receberá os ministros de Finanças na Casa Branca hoje cedo.

`ESTAMOS JUNTOS¿

Essas reuniões, de acordo com o presidente americano, representam ¿um sinal claro de que estamos envolvidos nisso juntos e sairemos juntos¿.

Por sua vez, o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, convocou uma reunião extraordinária do G-20, que integra os principais países avançados e em desenvolvimento. O encontro será realizado hoje e terá a participação do Brasil. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, é o atual presidente do grupo.