Título: Emprego na indústria fica estável em agosto
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2008, Economia, p. B11

Para IBGE, queda de 0,1% no índice reflete `acomodação¿ natural após três meses de alta; reflexo da crise só deve aparecer no fim do ano

Jacqueline Farid

Ainda longe da crise que abala o mundo desde setembro, o mercado de trabalho industrial manteve a curva ascendente em agosto. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda de 0,1% no número de ocupados ante mês anterior foi apenas uma ¿acomodação¿ após dois meses consecutivos de alta e não reverte, pelo menos por enquanto, a tendência de crescimento do emprego. Em agosto, na comparação com igual mês do ano passado, o emprego cresceu 2,5%.

O economista da coordenação de indústria do instituto André Macedo acredita que a piora do cenário mundial só deverá rebater no setor, no Brasil, no fim deste ano. A analista Ariadne Vitoriano, da Tendências Consultoria, também avalia que os dados do IBGE mostraram bom desempenho do mercado de trabalho industrial até agosto e um maior arrefecimento da atividade, e do emprego, deverá ocorrer no último trimestre de 2008.

Pelo menos até agosto, de acordo com Macedo, o mercado de trabalho mostrou bom desempenho. Segundo ele, os índices de média móvel trimestral do emprego e da folha de pagamento real mostram que a tendência de crescimento prossegue, ainda refletindo o ¿dinamismo¿ da produção industrial.

A folha de pagamento real da indústria caiu 0,5% em agosto ante julho, mas subiu 6,4% ante igual mês de 2007. De acordo com Macedo, o recuo ante mês anterior é uma ¿acomodação natural¿ após três resultados positivos consecutivos e não altera, assim como ocorreu no emprego, a trajetória de crescimento.

O indicador de média móvel trimestral cresceu 0,4% no trimestre encerrado em agosto ante o terminado em julho. Na comparação com agosto do ano passado, o valor da folha de pagamento real subiu em 13 dos 14 locais pesquisados.

Macedo observou que os segmentos que estão impulsionando o emprego e a renda na indústria são aqueles que também alavancam a produção, como máquinas e equipamentos, produtos químicos e meios de transporte.

Em relatório, economistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) observam que os dados de agosto estão em um contexto de ¿pré-crise¿ e, portanto, ¿ainda retratam o dinamismo que o País vivia até então¿. Os próximos resultados, para a entidade, serão influenciados pela concentração que está ocorrendo na expansão do emprego em termos regionais e setoriais.

Na comparação com agosto do ano passado, a principal contribuição positiva para o emprego veio de São Paulo (8,0%), em grande parte, devido ao incremento salarial em setores como o de produtos químicos (32,7%) e meios de transporte (7,3%). Em seguida, vieram Minas Gerais (12,1%) e Paraná (7,1%).

Setorialmente, ainda na comparação com agosto de 2007, a folha cresceu em 13 dos 18 segmentos investigados, sendo que os maiores impactos positivos foram dados por produtos químicos (17,6%), máquinas e equipamentos (11,7%) e meios de transporte (8,9%).

Os maiores impactos positivos na média nacional em agosto, ante agosto de 2007 foram dados por máquinas e equipamentos (10,6%); meios de transporte (8,4%); máquinas, aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (11,7%) e produtos químicos (10,0%). Por local, as contribuições positivas mais relevantes vieram de São Paulo (2,8%), Minas Gerais (6,3%), Rio Grande do Sul (4,0%) e região Norte e Centro-Oeste (2,7%). Em sentido contrário estão as regiões de Santa Catarina (-1,0%) e Pernambuco (-3,5%) exerceram as únicas pressões negativas.