Título: FMI investiga Strauss-Kahn por romance
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2008, Economia, p. B15

O Fundo Monetário Internacional (FMI) abriu uma investigação contra seu diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn, para avaliar se ele abusou da posição ao manter um relacionamento extraconjugal com uma subordinada. A informação é do Wall Street Journal. Segundo o diário, o órgão contratou o escritório Morgan, Lewis & Bockius para investigar o caso. A previsão é de que um relatório seja entregue até o fim do mês.

A denúncia foi feita por A. Shakour Shalaan, representante do Egito e de outros países árabes no Fundo. De acordo com o porta-voz da instituição, Masood Ahmed, ¿houve uma acusação de comportamento impróprio por parte do diretor-gerente¿. ¿Todas as acusações, especialmente as relacionadas à alta gerência, precisam ser investigadas.¿

Segundo o WSJ, Strauss-Kahn manteve, no início do ano, um romance com a húngara Piroska Nagy. Na época, ela ocupava um alto cargo no departamento do Fundo voltado para a África. Piroska deixou o posto em agosto, depois que a instituição diminuiu a estrutura e demitiu cerca de 600 pessoas. Hoje, trabalha no Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento.

A investigação avalia três possibilidades. Na primeira delas, Piroska teria recebido um pacote de benefícios além do normal ao deixar o FMI. Na segunda, ela poderia ter sido pressionada a se demitir. A terceira apura se a húngara teria sido favorecida pelo relacionamento e se Strauss-Kahn teria pedido retribuições em troca dos eventuais privilégios concedidos à ex-funcionária.

¿Ela não recebeu tratamento especial de nenhuma natureza, nem favorável nem desfavorável¿, declarou o advogado de Piroska, Rorbert Litt. Segundo ele, sua cliente recebeu os mesmos benefícios que outros funcionários que deixaram o órgão na mesma época.

Em um comunicado, Strauss-Kahn negou as acusações. ¿Em nenhum momento abusei de minha posição como diretor-gerente¿, afirmou. Ele acrescentou que ¿o incidente que ocorreu em minha vida privada¿ se deu em janeiro. ¿Cooperei e seguirei cooperando com o conselho externo do fundo a respeito desse assunto.¿

A forma como o caso está sendo conduzindo causou desconforto entre alguns integrantes do conselho do fundo. Segundo o WSJ, diversos membros não tinham sido informados do assunto até sexta-feira.

Fontes disseram ao diário que temem que a informação tenha sido usada por alguns sócios durante negociações com Strauss-Kahn para a obtenção de recursos do Fundo.

SARKOZY

Casado com a ex-jornalista de TV Anne Sinclair, Strauss-Kahn, de 59 anos, foi ministro da Economia da França e assumiu a direção do FMI em setembro do ano passado, em substituição ao espanhol Rodrigo de Rato. Seu nome foi fortemente apoiado pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante o período em que a sucessão de Rato estava indefinida .

Piroska Nagy é casada com o economista argentino Mario Blejer que, além de ter trabalhado no Fundo, ocupou cargos no Banco Central da Argentina e no Banco da Inglaterra, o banco central britânico.

Segundo a agência Efe, Piroska e Strauss-Kahn teriam terminado o romance depois que Blejer teve acesso a uma troca de e-mails entre os dois.