Título: Serão feitas tantas medidas quantas forem necessárias
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2008, Economia, p. B3

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu às críticas da oposição contra os atos assinados pelo governo para conter a crise financeira internacional. ¿Serão feitas tantas quantas medidas forem necessárias¿, disse o presidente. ¿Eu não posso ficar preocupado com os gritos da oposição porque tudo o que a oposição quer é que o Brasil entre em uma crise profunda para que ela possa ter razão no discurso dela¿, afirmou, em entrevista, após almoço, no Itamaraty, com o rei da Jordânia, Abdullah 2º.

À noite, PSDB e PPS divulgaram nota criticando as declarações. ¿Nunca torcemos por crises, muito menos crises profundas. No passado, quando eram oposição, o presidente Lula e seu partido apostaram várias vezes no quanto pior melhor. Não é o nosso caso¿, diz a nota assinada pelos presidentes do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e do PPS, Roberto Freire.

Os partidos dizem condenar ¿abordagens equivocadas sobre a extensão da crise, assim como afirmações demagógicas sobre problemas graves e complexos¿. ¿Medidas estruturantes serão apoiadas sempre que fizerem sentido para o interesse nacional. O presidente deve parar de escamotear suas responsabilidades e tratar com seriedade os problemas que se apresentam, uma vez que a crise internacional ainda pode trazer sérias conseqüências para a economia brasileira, já no presente e para os próximos anos¿, conclui a nota.

O presidente negou que vá socializar prejuízos com a medida provisória que permite a aquisição de bancos e empresas em dificuldades. ¿Não estamos dando dinheiro para qualquer empresa e qualquer banco. Não vamos dar dinheiro porque não vamos favorecer quem fez especulação¿, afirmou. ¿É importante saber que quem errou pagará pelo seu erro.¿ Segundo ele, o governo pode comprar ações e revendê-las à medida que as empresas se recuperem.

Lula explicou que ¿o governo está dispondo crédito para resolver o problema de liquidez, tanto com os compulsórios como com parte das reservas, via BB¿. Por isso, disse não haver motivo para a queda dos financiamentos bancários.