Título: Operação com derivativos foi só hedge, diz empresa
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2008, Negócios, p. B16

Nas últimas semanas, o mercado vinha se perguntando se a Vale, a segunda maior exportadora brasileira, não seria mais uma vítima dos derivativos ¿tóxicos¿, operação de alto risco de perdas que fez no País vítimas como a Aracruz, a Votorantim e a Sadia. Mas, em seu relatório trimestral, a empresa fez questão de reservar um espaço generoso - três páginas, de um total de 26 -, para tentar desfazer qualquer dúvida em relação a isso. ¿Nossa política de gestão de riscos proíbe explicitamente a realização de apostas direcionais e transações especulativas com derivativos¿, disse a companhia.

Segundo a Vale, em 30 de setembro, a soma de todas as operações com derivativos apresentava um saldo positivo (credor) de R$ 62,3 milhões. ¿A variação da marcação a mercado das operações com derivativos foi negativa, gerando impacto contábil não caixa de R$ 1,177 bilhão no 3º trimestre. Entretanto, como nossas operações com derivativos protegem a estabilidade do fluxo de caixa em dólares americanos e não possuem caráter especulativo, seus resultados positivos ou negativos são compensados por variações de receitas, custos e dívida em dólares americanos na direção oposta.¿

Na prática, segundo a Vale, isso significa que, se houver um resultado negativo (ou positivo) em transações com derivativos, a empresa terá resultados positivos (ou negativos) ¿advindos de nossas receitas, custos, investimentos e dívida¿. ¿Dessa forma, tais efeitos neutralizarão eventuais impactos sobre nosso fluxo de caixa¿, informa.

De acordo com um analista, que não quis se identificar, a prova de que a mineradora não fez operações especulativas com derivativos, mas sim uma operação de hedge (proteção) normal, é o próprio resultado financeiro positivo no balanço divulgado ontem. O resultado financeiro líquido da companhia no trimestre encerrado em setembro foi positivo em R$ 1,313 bilhão.