Título: Ex-secretário foi afastado em julho
Autor: Otta, Lu Aiko; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2008, Nacional, p. A4

O ex-secretário da Receita, Jorge Rachid, que antecedeu Lina Vieira, foi tirado do posto em julho e deslocado para uma pequena sala no edifício anexo ao Ministério da Fazenda, na área de Gestão de Pessoal do órgão. Na simbologia do poder da Esplanada, isso significa um rebaixamento - mal comparando, equivale ao conhecido em Brasília como ¿DEC¿ do Itamaraty, o fictício ¿Departamento de Escadas e Corredores¿ para onde vão embaixadores desprestigiados.

Recentemente, Rachid foi autorizado a permanecer em casa, cumprindo uma quarentena. Ele foi convidado anteontem, pelo prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), para assumir a Secretaria da Receita do município.

Rachid caiu em desgraça quando foi denunciado pelo corregedor da Receita, Moacir Leão. Uma investigação do Ministério Público Federal mostrou que o ex-secretário não puniu os auditores Paulo Baltazar Carneiro e Sandro Martins, que prestaram consultoria à construtora OAS. A empresa havia sido multada em R$ 1,1 bilhão e conseguiu reduzir esse valor para apenas R$ 25 milhões com a ajuda dos dois.

A multa foi aplicada quando Rachid era fiscal na Bahia. Paulo Baltazar estava aposentado quando integrou a dupla de consultoria à OAS, mas Sandro Martins pediu licença da função na Receita para fazer o trabalho em caráter privado.

Em maio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, demitiu, por improbidade administrativa, os dois auditores. E, em julho, Rachid foi exonerado do comando da Receita. A dupla de auditores recebeu da OAS, de acordo com a corregedoria do órgão, uma comissão no valor de R$ 18,3 milhões.