Título: Na terça dos jantares, a largada da campanha
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2008, Nacional, p. A4

Encerradas as eleições municipais, a campanha para a sucessão na Câmara e no Senado entra com força na agenda do Congresso. Tanto no caso dos deputados quanto dos senadores, a largada será dada em jantares marcados para amanhã. Quando o senador Tião Viana (PT-AC) estiver sentado à mesa com a bancada petista no Senado, sagrando-se candidato do partido à presidência da Casa, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), estará jantando em companhia de líderes de partidos aliados e de oposição, em busca de votos para comandar a Câmara.

O jantar do PT com Viana será na casa do senador Eduardo Suplicy (SP). A idéia da bancada é marcar a arrancada da campanha petista ao Senado não só como prioridade do partido e um desejo do Palácio do Planalto, mas sobretudo como uma alternativa que tem trânsito em todos os partidos e capacidade para representar e fortalecer a instituição. No caso de Temer, o jantar serviria para conferir à candidatura, lançada em cerimônia pomposa há três semanas, contornos de articulação suprapartidária, com respaldo em todas as legendas.

As eleições na Câmara e no Senado estão marcadas para 1º de fevereiro, e os dois candidatos são bem conhecidos dos eleitores, pois ambos já estiveram sentados na cadeira de presidente das respectivas Casas. O início da campanha a mais de três meses do dia da votação dá a medida do tamanho da briga que ameaça o sossego e a estabilidade política do governo em tempos de crise.

Embora a disputa seja bem menor do que a eleição municipal e o universo de eleitores seja pequeno - 513 deputados e 81 senadores -, a sucessão no Congresso pode provocar tanto barulho quanto a corrida pelas 5.564 prefeituras. Afinal, ela põe em confronto não só partidos governistas e de oposição, como provoca uma guerra entre senadores e deputados do PMDB. Em meio a tantos embates, o que mais preocupa é a guerra interna peemedebista - embora, no discurso, a prioridade seja eleger Temer presidente da Câmara, o partido ensaia disputar o comando das duas Casas.

Anfitrião do jantar de Temer, o líder do PR, Luciano Castro (RR), diz que sua decisão é apoiar o peemedebista e a tendência da bancada é seguir sua escolha. Ele lembra que, hoje, o presidente do PMDB disputa apenas com Ciro Nogueira, cuja campanha também está a pleno vapor. ¿Mas se houver candidatura do PMDB no Senado, abre-se a porteira para qualquer um se lançar candidato e o quadro ficará muito mais complicado¿, adverte Castro.